O mercado dos músicos

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Texto de Renato Teixeira publicado na edição 707 do jornal Contato

A pauta desses últimos tempos se concentra em torno das crises, brasileira e mundial. O planeta, realmente está fervendo.

O mercado da música sofre o abalo, como todos os setores. Os maiores cachês são os primeiros a sofrerem as conseqüências. Há uma retração.

Como o espetáculo não pode parar, os cachês médios e pequenos se mantêm. Resistem. Um fato curioso se evidencia: nos cachês inferiores estão grandes nomes da nossa música; para ser bem sincero, muitos, entre os melhores. O conteúdo melhora.

O sertanejo jovem guarda, que domina economicamente a situação, tende a passar por

uma revisão conceitual porque, após o primeiro impacto, fica mais difícil manter a popularidade.

Seria ridículo ver o Gusttavo Lima, que tem muito potencial, cantando o tchetchereretetê para uma centena de balzaquianas bem nutridas.

Espera-se que essa autocritica dê bons resultados. A moçadinha tende a somar com a academia de ginástica, a academia de música.

A crise, qualquer crise, pressupõe entendimento. Se você prestar bem atenção vai ouvir um som novo surgindo no horizonte.

Um som que nos recolocará no nosso padrão histórico.

Quando morreu Jobim, o condomínio musical do país se desarticulou e o povo brasileiro que vive à margem da nossa história, de repente ganhou poder aquisitivo e, como não poderia deixar de ser, investiu na música. Não encontraram muita coisa. A MPB já havia cumprido o ciclo glorioso.

Empresários articulados e com visão de jogo transformaram o sertanejo jovem guarda num movimento que, em território nacional, foi o maior de todos os tempos.

E, até por uma questão de justiça, a música caipira original conquistou o prestigio que lhe faltava e, junto com seu primo irmão, o samba, se transformou num gênero altamente representativo da nossa cultura popular. Ganhou peso.

Mas agora, nesse momento de indefinições, é que é a hora daqueles que acreditam pra valer que a melhor música é sempre a que se faz hoje e que Jobim e outros grandes nomes que admiramos são elos de uma só corrente.

Agora é a hora deles ocuparem seus espaços.

O povo da música, o povo que promove a música e o povo que ouve a música, devem estar sempre juntos, trabalhando com eficiência, pois assim estaremos criando condições para que a música abra caminho para os novos grandes que, com certeza, virão.

Agora, uma espécie de charada-desafio para a moçada compositora da terra de Theodoro Arrael.

Me respondam: alguma baixinha, tímida e muito bonitinha, sentada nas escadarias da quadra do Estadão, de uniforme, estudando para a prova de latim, poderia mudar a história da música de um país?

Descubram quem ela é e se encham de garra pra encarar o futuro. As porteiras estão sendo abertas.

 

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