Porque Rua 4 de março?

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Essa foi a data em que foi anunciada pela Câmara Municipal o fim da escravidão na cidade

A rua 4 de março, uma das principais vias da cidade, tem esse nome em comemoração ao dia em que a Câmara Municipal anunciou o fim da escravidão na cidade. Na data, 2658 escravos foram liberados por seus então “proprietários”. A cidade comemorou com três dias de festas. A medida da Câmara antecipou em dois meses, algo que se tornaria obrigatório em todo o país com a Lei Áurea.  O fim da escravidão foi  a solução encontrada pelo governo para tentar aumentar a popularidade de D. Pedro II, que nos primeiros meses de 1888 estava em baixa. O Brasil era na época, o último país que ainda possuía mão de obra escrava.

“Taubaté, 4 de março de 1888. Ilustríssimos Senhores: A Comissão de festejos para solenizar a emancipação do município por mediação dos abaixo-assinados, tem a honra de levar ao conhecimento da Ilustríssima Câmara Muncipal que, em vista das informações que colheu na Coletoria e por parte de numerosos ex-senhores, considera redimido do serviço escravo o Município de taubaté. Das supraditas informações vê-se que, dos livros da repartição competente, consta terem tido baixa, como livres, 484 dos 2658 escravos que tinham sido incluídos na última matrícula, de entre esses 484 estão em fuga ou mudados do município. Sendo certo que os fugitivos estão em gozo de uma liberdade de fato, porque os respectivos proprietários não têm possibilidade nem desejo de fazê-los retornar ao cativeiro. Ainda no sobredito número de 484 estão compreendidos 18, cujo paradeiro é desconhecido pela Comissão. De entre os indivíduos compreendidos no referido número, aqueles que não estão em fuga, estão convertidos em servos assalariados. Pelos respectivos proprietários, como devedores hipotecários dos representantes de pessoas incapazes, sentiram-se inibidos de dar baixa nas matrículas. Em vista do exposto, a comissão considera e proclama livre o município de Taubaté e felicita por este auspicioso fato a ilustríssima Câmara Municipal.” Ofício enviado à Câmara em 1888

Trecho retirado do livro “Contribuição à história de Taubaté: denominações de vias e logradouros públicos” de Humberto Passareli

 

Veja também:

– Escravidão e violência: o caso do escravo Francisco

– Tráfico de escravos: os africanos trazidos para Taubaté

– Família escrava em Taubaté

– Em busca da liberdade: resistência escrava em Taubaté

 

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