Caviar de Taubaté

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Em 1945, em correspondência com Hermínia de Castro Natividade, o escritor Monteiro Lobato equiparou, do ponto de vista simbólico, a Içá ao caviar. Isso aconteceu como forma de barganha. Lobato acabara de receber de Hermínia, que conseguiu com uma amiga, a D. Silvina Andrade, uma lata cheia de bundinhas do formigão. A oferta não foi gratuita. O preço a pagar seria um pensamento do escritor sobre a içá:

“A sugestão me incomodou porque nunca no mundo ninguém jamais ‘pensou’ sobre o içá – e pelo jeito é realmente coisa ‘impensável’. Mas já que dona Silvina pede, faço um esforço e digo que o IÇÁ É O CAVIAR DA GENTE TAUBATEANA.”

(Correspondência de Monteiro Lobato para Hermínia de Castro Natividade. 18/11/1945. Consultado no livro “Culinária Tradicional do Vale do Paraíba, de Maria Morgado de Abreu e Paulo Camilher Florençano)


A definição se cristalizou ao longo do tempo e o Içá continua reconhecido como iguaria típica de Taubaté. Mas não é exclusividade da cidade, nem no Brasil.

FORMIGÃO

Dentre os milhares de produtos oferecidos pela celebrada loja Fortnum& Mason, que atende a Família Real Britânica, existe uma que alegraria Monteiro Lobato: Formigas Gigantes Tostadas. No Mercadão de Taubaté, esse mesmo produto é conhecido como Içá torrada. E não são só os ingleses que gostam de comer formigas.

Ilustração de Paulo Camilher Florençano representando o Içá

CAVIAR

Quem exporta formigas comestíveis mundo afora é a província de Santander, na Colômbia, onde o petisco é apreciado há mais de 400 anos pela população local.

A Içá é conhecida por lá como Hormiga Culona e no resto do mundo como “Caviar de Santander”.  Alguém aí se lembrou do “Caviar de Taubaté”?

IÇÁ DO TIO SAM

Desde a década de 1950, um petisco muito apreciado pelos norte-americanos era uma tal Chocolate Covered Ants, a velha e boa Içá frita em óleo comestível e recoberta de chocolate.

IGUARIA GLOBAL

Na Alemanha, Portugal, Canadá, Japão e Austrália, a Içá também provoca o estalar de línguas há décadas.

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