A tradição dos presépios no Natal

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Texto publicado no jornal “O Imparcial” de 1893

No Almanaque Urupês o Natal também é história. Mostramos aqui breve texto publicado no jornal O IMPARCIAL, de 24 de dezembro de 1893, que narra, na sua coluna literária, a história do primeiro presépio encenado em 1223. Em seguida, um pequeno levantamento histórico sobre as tradições natalinas, presentes, presépios e festas.

imparcialnatal

A origem do presepe

O costume dos presepes na festa de Natal deve-se ao grande patriarcha de Assis. Eis o facto que lhe deu origem: Em 1223, achando-se S. Francisco em Grescia, quiz solemnizar a noite saudissima de Natal, com uma festa, que nunca tinha sido vista, isto é, representando ao vivo o nascimento do Divino Redemptor. Depois de ter obtido licença do Papa, escolheu uma gruta, e fez transportar para alli um boi, um jumento e uma mangedoura; collocou sobre a palha o menino Jesus, e de um outro lado pôz as imagens de SS. Virgem e de S. José. Dentro desta gruta reunio o santo um grande numero de frades, que chamou dos conventos visinhos e uma multidão de camponezes daquellas aldeas e fez cantar uma missa em que elle mesmo serviu de diacono. Nessa occasião o seraphico patriarcha pronunciou um comtundente discurso, e quando chegou ás palavras do Evangelho: – collocou-o diante do presepe, ajoelhou-se en acto de adoração e naquelle momento lhe appareceu entre os braços um menino todo respandecente de luz divina. Desde então conservou-se sempre nas egrejas dos franciscanos o uso de representação do presepe, que depois se tornou commum e geral em todo o mundo.

O Imparcial, 24 de dezembro de 1893 (Neste texto foi mantida a grafia original)

Presépio na Igreja Santa Terezinha
Presépio na Igreja Santa Teresinha

AS FESTIVIDADES DE NATAL E ANO NOVO

            As comemorações de final de ano são associadas nos dias hoje a presentes, boa comida e, com menor intensidade, a religiosidade. Têm nas suas origens a exaltação ao aspecto religioso, assim como as festas que marcavam o encerramento do ano. Apesar disso não se exclui desse costume a troca de presentes, que era feita no dia de Natal e de Ano Novo. No primeiro, os presentes eram destinados principalmente às crianças, no segundo, os presenteados eram em sua maioria adultos.

            No editorial de um dos exemplares do “Jornal de Taubaté” no final do século XIX, é dito que o Natal é uma festa familiar e religiosa em que há a reunião na casa paterna. Já no início do século XX, o mesmo jornal agradece o recebimento do livro “Contos da Carochinha” como presente de Natal e folhinhas de 1903 como presente de Ano Novo. Os presentes, tanto de Natal como o de Ano Novo, neste caso, simbolizavam a cortesia entre pessoas que se relacionaram durante o ano e que desejavam a continuidade desse contato no ano que se aproximava. Ainda nos jornais taubateanos são vistos os mais diversos textos em comemoração a essas festividades, além de convites para missas, novenas, procissões e bailes, como é o caso da Companhia Taubaté Industrial (CTI) que abria os salões da fábrica para um baile no dia 31 de dezembro em comemoração a entrada do ano de 1903.

            Entre tantos costumes praticados neste período, em Taubaté, talvez o mais famoso, seja o de montar presépios que possui seus primeiros registros a partir do século 13 na Europa. Aqui vemos esse hábito já introduzido em 1889, quando o jornal “O Noticiarista” anuncia no dia 29 de dezembro que grande parte da população taubateana havia construído “lindos presepes”. Hoje, quem passa pela região do mercado municipal ou anda atento pelas ruas da cidade – durante o período do natal – alem de observar as mais diversas decorações natalinas vai notar também os presépios que constituem parte integrante da cultura de Taubaté desde o século XIX e que, ao longo do tempo, também devido ao trabalho das figureiras, foi assumindo características próprias nesta cidade.

 Sobre Natal e Ano Novo:

ARIÈ, Philippe, DUBY, Georges. História da Vida Privada: Da Revolução Francesa à Primeira Guerra. Companhia das Letras, 2009.

Jornais de circulação na cidade de Taubaté nos séculos XIX e XX: O Noticiarista, Jornal de Taubaté e O Lábaro (Arquivo Histórico Félix Guisard Filho – Taubaté)

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