AMIZADE SINCERA – A SAGA 2

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(imagem: www.sertanejoworld.com.br)

Texto de Renato Teixeira publicado na edição 717 do Jornal Contato

O sucesso alcançado pelo primeiro número do DVD Amizade Sincera, fez com que a gravadora nos pedisse o 2. Através de alguns contatos que eu já tinha estabelecido, conseguimos boa parte do apoio financeiro necessário para realizarmos o trabalho.

O meu agente, William Wagner, complementou os custos. Ouvi muitas músicas e selecionei algumas. O Sérgio deixou a produção artística e musical do projeto para que eu decidisse. Quando defini o repertório e o enredo do DVD, mostrei tudo pra ele que aprovou. Eu e William optamos por gravarmos num lugar inusitado.

Encontramos, aqui na serra da Cantareira, um Buffet que caia feito luva para nossas intenções. Chamamos então o Leo, o diretor, mostramos pra ele nossa idéia. Leo topou na hora. Contrato com a Som Livre assinado, diretor escolhido, local definido e verba para realizar. Mas, para minha surpresa, os filhos do Sérgio questionaram o projeto e o desaprovaram. Queriam que o DVD fosse só com o pai e desaprovaram a ideia de gravar num Buffet.

Eu os conheço desde meninos e a gente tem uma relação bastante sincera; resolvi considerar a amizade e não me envolvi, pois em nenhum momento o grandão interferiu nas minhas decisões. As coisas, entretanto, começaram a se complicar; passaram a assumir perante todo o grupo a insatisfação que estavam sentindo. Coisas foram ditas e um deles mandou uma mensagem dizendo que o repertório estava errado, pois não havia músicas novas para tocar nas rádios, etc, etc.

Num momento de irritação, desisti. Não queria entrar nessa confusão toda mesmo porque um trabalho de DVD por si só já é uma árdua missão e havia muitos shows nas agendas, na minha e na do Sergio, programados. DVD era trabalho dobrado, portanto. Ter que conviver com insatisfações dentro do grupo, ficava impraticável. Comuniquei ao meu agente que estava fora. Mas o William esclareceu a questão da verba. Quem havia levantado boa parte da verba havia sido eu.

Inclusive tivemos que pedir autorização do financiador para fazermos o DVD 2, pois o que havia sido combinado era um só meu. Foi por isso que o William teve que colocar dinheiro do próprio bolso para realizar o projeto. A Som Livre também chegou junto com a verba que ela disponibiliza para produção e que vira adiantamento sobre futuros direitos. Os meninos do Sérgio ficaram mais calmos. Voltei ao projeto. Mas não demorou muito e dessa vez foi o William que se viu envolvido novamente em desavenças com os filhos do Sérgio que, acumuladas, fez com que, dessa vez fosse ele que desistisse do projeto. Mas a Som Livre, com o contrato assinado em mãos, fez tudo recomeçar outra vez. Tínhamos o roteiro, músicos, diretor e gravadora. E equipamento. Muito equipamento. Tudo no script que eu escrevi durante quase um ano. Acontece que ninguém se preocupou em lê-lo. O pessoal da música não está acostumado com roteiros.

Algumas horas antes de começar a passagem de som para as gravações que seriam naquela noite, chamei todo mundo numa sala distribui cópias e li o roteiro em voz alta. Marcos, filho do Sergio, apesar dos questionamentos, por ser um excelente editor, montou uma espécie de roteiro auditivo, avisando pelos nossos fones os ataques, breques e modulações dos arranjos criados pelo Natan Marques com a sensibilidade de quem conhece como ninguém as sonoridades da história musical brasileira. Assim, mesmo contra a vontade, Marcos acabou sendo fundamental. E o Natan… bem, o Natan temperou tudo com seu talento. Mas aí, o Sérgio já havia se lançado numa aventura política que eu, inclusive, desaprovei publicamente em nome da música. Acho que um cara como ele, com o prestígio popular que tem e o carinho com que é recebido pelos brasileiros, nem como presidente da república poderia fazer tantas coisas quanto as que ele já fez pelas pessoas. O Amizade 2 saiu e já foi ganhando as paradas. Nossa curadoria musical sobre o repertório da cultura caipira estava ótimo de se ouvir; além dos arranjos emocionantes do Natan, veio com a gente a orquestra Vila Lobos, regida pelo maestro Adriano, que deixou tudo como a gente queria. E ganhamos o Grammy latino como o melhor álbum.

Com certeza não teremos Amizade Sincera 3 pois, para o ano que vem, o Almir Sater vai se somar a mim e ao Sérgio e nós faremos O POVO DA ROÇA CHEGOU, um grande espetáculo musical para mexer com o conteúdo das canções. Enquanto isso, esperamos que o disco AR, que eu e o Almir gravamos juntos e que será lançado dia 12 de dezembro, tenha uma carreira tão bonita quanto os “Amizade Sincera, 1 e 2” e que, se possível, traga muitos prêmios para nós.

 

Veja também:

– AMIZADE SINCERA – SAGA 1;

 

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