Por Teteco dos Anjos
As pessoas vivem o tempo todo procurando soluções para a vida prática. Mas, não há soluções definitivas. Todas as soluções práticas são paliativas e finitas. O que há é um oceano da vida cheio de grandes ondas; uma hora estamos por cima, na crista, e outra por baixo, no intervalo das vagas. Porém, existe um outro nível de consciência, que está além de toda praticidade, além do vai e vem das ondas, além da tensão de se procurar soluções práticas para a vida. É um estado mais sutil, mais meditativo, como um maravilhoso brilho de pura consciência. Bem, quem disse essa coisa bonita não foi Teteco dos Anjos, foi Osho. Ou terá sido Krhisnamurti? Bodhidharma? Mahavira? Buda? Yeshua? Bashô? Mohamed? Não importa. Essa é a essência de toda filosofia mística do Oriente, que trata da realização do homem através de si mesmo e não através das constantes mudanças do mundo exterior.
Não escrevi isso, mas compreendo, sinto na alma, percebo e sei profundamente o que dizem esses grandes filósofos iluminados do Oriente. Ler e entender intelectualmente é uma coisa; compreender, perceber e viver um pouco essa experiência é outra. É disso que falo. Voltando aos mestres; muitos foram do Ocidente também, como Sócrates, Diógenes, Tomáz de Aquino, Francisco de Assis, Zaratustra, Gurdjieff, entre outros. Ocorre que a cultura do estado de ser meditativo, mais calmo e mais tranquilex é muito mais difundido no Oriente que no Ocidente. Mas, tudo bem, o mundo é um só.
Não há nada de errado em buscar soluções práticas para o dia a dia. Isso é louvável e necessário. Errado é achar que a grandiosidade da vida limita-se à apenas isso. E limitação cria condicionamento e condicionamento cria tensão. Eis o problema e o círculo vicioso do tédio e da desolação. Porém, não abandone a vida prática, não seja estúpido. Procure buscar este outro estado de consciência de vida, mais meditativo, mais leve. Esse estado, ou estágio, de onde se vê que todos os problemas – eu e os mestres dissemos “todos os problemas” – são passageiros e são externos, não maculam o brilho de paz de nosso espírito…ou consciência própria. Chame como quiser.
Busque e veja, gradualmente, um mistério se revelar. Pois não é preciso buscar longe ou em algum outro lugar. Esse estado meditativo e belo já está em você, em mim, no cachorro, nas pulgas do cachorro, nas árvores, no vácuo, no vazio sideral, em tudo quanto há. Está em nós desde que nascemos, desde que o samba é samba. E assim será para sempre.
É tudo uma questão de ficarmos mais calmos, de ficar atento e forte, sem medo das derrocadas ou da morte. Como diz mesmo a canção “Divino Maravilhoso” de Gil e Caetano. Ou como disse Renato Teixeira… “ando devagar porque já tive pressa”. Ou ainda Walter Franco: “Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo”.
A vida é bela porque existe o risco. Se fosse toda certinha e toda confortável seria um tédio dos infernos. E é justamente nessa trepidância maluca do viver que devemos buscar essa paz interior, esse riso que vem de graça e vem puro. Não é fácil, claro. No entanto, com calma e clareza é bem menos sufocante.
Portanto, queridos comparsas terráqueos, busquemos um pouco mais dessa consciência pura, onde nem pensamentos são, de fato, necessários. Onde é necessário apenas curtir um pouco mais de nossa estranha e misteriosa existência e “bola pra frente”. Um outro mestre iluminado disse que não vivemos numa existência indiferente a nós. Ao contrário, somos nós a própria existência, por isso somos divinos e lindos e autênticos. O poeta Walt Whitman disse certa vez; “Vocês erguem grandes monumentos aos vencedores. Certo ?! Pois eu levantarei também um grande monumento, talvez o maior de todos, aos perdedores, aos que levaram a pior, aos generais das batalhas perdidas, ao soldado desconhecido no front, aos que perdem na vida e no amor. Pois, na realidade, somos todos a existência. E como tal, somos todos heróis e vencedores por natureza”. Viva Whitman.
E como diria Wladimir Maiakowski; “Vamos…vamos luzir no lixo cinza do universo”. Enfim, tudo se resume na tão terrível e maravilhosa… ‘calma’”. Tenho dito e dou fé !!! Ommmm…
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Teteco dos Anjos, “músico, proto-poeta e jornalista” e com a cabeça cheia de ideias mirabolantes, escreve semanalmente, ou quando der na telha, no Almanaque Urupês[/colored_box]
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2 Comments
Maravilhoso!!!
Maravilhoso!!!