Compositores

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Texto de Renato Teixeira publicado na edição 704 do Jornal Contato

Reparando nos outros compositores com quem convivo ao longo do tempo, consigo perceber algumas coisas, alguns detalhes característicos.

Cada um chega na música por caminhos variados. Possuem DNA para isso e, dependendo da direção escolhida, alguns chegarão ao cenário nacional. Não é uma estrada fácil; depende de uma serie de acontecimentos.

Entre esses “acontecimentos” que definem o perfil de um compositor está o momento em que ele precisa de referências  para se posicionar. Mas é preciso saber a hora de encontrar seu próprio caminho.

No começo da carreira, eu estava completamente entregue às referências.

Através delas desenvolvia raciocínios e encontrava soluções. Às vezes as referências se evidenciavam no meu jeito de compor. Um dia, Walter Silva, que me trouxe para São Paulo e foi meu primeiro empresário e produtor, entrou na minha casa e levou embora todos os meus discos. Uma espécie de ordem tipo: “seja você mesmo”. E assim foi feito.

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Walter Silva. Imagem: www.ims.com.br

Cinco anos depois ele devolveu os LPs. E então eu já havia composto Romaria.

As influências precisam ser dosadas para que não transpareçam nas canções. O melhor delas são as sinalizações que vão das opções rítmicas até as soluções poéticas.

Tomei contato com vários artistas taubateanos de uma forma mais compacta durante a Festa da Imaculada. Ganhei CDs e fiquei ouvindo e imaginando como teria sido bom se naquele momento taubateano eu também pudesse ter a possibilidade de gravar discos bonitos como a moçada de agora está fazendo. Mas não éramos tantos; fazíamos o que podíamos.

Se fosse pra colaborar com obra do tempo, eu diria pra rapaziada, que está produzindo música de qualidade nas terras de Celly, que refletisse bastante sobre esse momento tão importante na trajetória artística de um compositor, quando descobrimos quem somos e definimos nossa marca. A música é uma escultura lavrada no silêncio.

 

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