A hora da verdade

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Por Renato Teixeira(Publicado originalmente em Jornal Contato Ed. 695)

Sonhar custa nada! Realizar o sonho são “outros quinhentos”.
Desde que mudei de Taubaté penso no Esporte e idealizo situações.
Quantas noites, antes do sono, eu ficava imaginando nosso time funcionando com eficiência e vivendo a glória que todo torcedor sonha para sua equipe. Mesmo antes de haver os chamados CTs, eu já os imaginava: receber os futuros craques, instruí-los e prepará-los como atletas e cidadãos capazes, dentro de um espaço apropriado.
Os CTs já funcionam a pleno vapor em todos os lugares. Pena que aqui no Brasil eles atuem apenas como fazendas de engorda, preparando jogadores.
eficientes para depois vende-los e, assim, entrarem nessa ciranda da morte onde meninos pré-adolescentes são tratados como frangos de granja. Vejam o caso do Messi; o Boca negou a ele alguma coisa em torno de cinco mil dólares para que pudesse fazer um tratamento de crescimento,
como o que fizeram com o grande Zico. Não rolou; veio o Barça e levou o menino pro outro lado do Atlântico. Devia ter dez, doze anos, quando fez a travessia. Hoje, quando perfilado escuta o belo hino argentino, o craque fica parecendo um peixe fora d’agua. Não existe vínculo algum, nem de admiração e muito menos de gratidão.
Assim, o lado mais substancioso dos meus sonhos, aquele que garante ao indivíduo informação suficiente para que possa, caso se consagre, se transformar num elemento forte e positivo ou que esteja também civilmente preparado para a vida, esse lado contraria a lógica da física por tratar-se de um lado que inexiste. Nós todos sonhamos com essa segunda divisão, que hora nos recebe. Num determinado momento nos inflamamos
e o Joaquinzão voltou a ficar cheio de gente. Chegamos ao momento principal quando de uma maneira coerente, vencemos com superação. Não
foi uma vitória qualquer. Houve coragem, garra, determinação; atingimos nosso alvo. O próximo passo requer mais dedicação de todos. Precisamos criar novos jogadores pois numa região onde vivem quase três milhões de pessoas, encontraremos o que precisamos. Prepará-los e educá-los para serem cidadãos modernos, cientes do que seja ser um astro no grande teatro de todos os povos, o futebol no mais importante dos palcos, o futuro de cada um. Jogar a segunda é dispendioso e se não houver uma união visível e atuante, iremos colher novas frustrações.
Essa realidade precisa ser difundida para que se saiba os custos da empreitada. Além disso, deveremos projetar um futuro para a nossa equipe para que ela possa usufruir dos privilégios que uma instituição centenária merece ter, principalmente quando atua dentro de uma sociedade bem-sucedida e economicamente bem gerida.
Trazer o Esporte Clube Taubaté para a luz definitiva, requer união, astúcia e estratégia. Por isso, antes que a urgência nos faça sair correndo atrás de jogadores disponíveis no mercado das séries menores, vamos nos transformar cada um num olheiro, aquele que sai por aí, procurando garotos bons de bola. E vamos cobrar nossa diretoria para que cuide desses meninos com tal zelo e atenção que, por gratidão e reconhecimento, eles sejam para sempre, um dos nossos; e para que, mesmo depois, quando não forem mais astros dos gramados, continuem torcendo por nós, como um Taino.

(Na foto de 2006, Renato Teixeira conversa com Taino, ídolo do E. C. Taubaté)

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