O Sentido de ser Brasileiro

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Por Fabiana Pazzine
Para se entender quem somos e do quê somos feitos recorremos às nossas origens. O problema é que nem sempre essa origem está tão próxima de nós, então, aos poucos deixamos de lembrar (ou nunca ficamos sabendo) o que de fato nos forma.

Dessa maneira, como dar uma definição a respeito das nossas origens?

Uma definição sobre si mesmo, que é dada por muitos de nós, é aquela que se refere a nossa nacionalidade. Nelson Biasoli, recordista em composição de hinos para cidades, já dizia: “Eu sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor” e, compartilhando desse sentimento (mesmo que em muitos dos casos, apenas, na ocasião de jogos esportivos), boa parte dos brasileiros já repetiram estes versos compostos em 1949[1].

Anúncio veiculado durante a Copa do Mundo de 2010
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O que significa ser brasileiro, então? Hoje, para responder essa pergunta, seriam necessários incontáveis debates e, ainda assim, correríamos o risco de não se chegar a um consenso.

Voltando uma pouco mais, para se chegar às nossas origens, deparamo-nos com a palavra Brasil. E o que significaria a palavra Brasil?

Ainda nas séries iniciais da escola, ouve-se a professora dizer que o nosso país recebeu esse nome pela valiosa árvore que aqui nascia e era muito cobiçada no mercado pela cor avermelhada que possuía. Por muito tempo, satisfiz-me com essa explicação, até que ouvi a seguinte pergunta: “O que significa a palavra Brasil?”. A pergunta que eu escutei era tão óbvia que deveria ser uma curiosidade instantânea ao se ouvir a história do nome do nosso país.  Diante dessa pergunta, fiquei intrigada, incomodada, pois não sabia a resposta, pior do que isso: eu mesma nunca tinha me feito esta pergunta.

Derrubada do Pau Brasil, gravura de André Thevet, feita em 1575.
Derrubada do Pau Brasil, gravura de André Thevet, feita em 1575.

Na internet encontrei de tudo, mas em sua grande maioria eram informações desencontradas que não eram capazes de satisfazer a minha curiosidade.

Já nos livros, um antigo dicionário etimológico[2], encontrei a informação de que a palavra Brasil vinha do francês. Isso mesmo, francês! Vemos aí desde os primórdios a grande diversidade de influências culturais em nossa formação.

Detalhe do tronco de um pau brasil. Foto: Chris Ferreira
Detalhe do tronco de um pau brasil. Foto: Chris Ferreira

Os corsários franceses que aportavam em nosso litoral, pouco tempo após o a chegada dos portugueses, davam o nome de brésil a uma determinada madeira do oriente devido a sua coloração avermelhada, cor de brasa. Ao chegarem a nosso país, encontraram uma madeira com a mesma coloração e, esta, tornou-se, então, uma das grandes razões para navegarem e virem para cá. Esta palavra utilizada pelos franceses, por sua vez, era uma alteração do italiano (verzino) nome pelo qual era conhecida a madeira de coloração diferente que era transportada pelo Golfo Pérsico e era levada pelos venezianos à Europa[3].

A palavra como conhecemos, existe em Portugal desde o século XIV, ou seja, antes mesmo do “nascimento” do nosso país.

Paisagem - Palmeiras na praia, de André Paiva. http://www.andrepaiva.com.br/index.php?lang=pt-br&cmd=keyword&id=51&foto=175
Paisagem – Palmeiras na praia, de André Paiva. http://www.andrepaiva.com.br/index.php?lang=pt-br&cmd=keyword&id=51&foto=175

Surgimos como Pindorama, uma referência das tribos que aqui viviam à vegetação que aqui nascia (terra de palmeiras), depois passamos a ser uma Terra de Vera Cruz, pouco tempo depois, Terra de Santa Cruz uma clara menção ao cristianismo (desconhecido pelos que moravam em Pindorama, mas característica marcante no novo povo que se estabelecia aqui, os portugueses), depois em função da atividade econômica aqui feita passamos por diversas alterações no nome do nosso país, mas sendo sempre variações do nome Brasil.

Eis, portanto, a origem do nome do nosso país.

 

Obs.: A imagem que abre esse texto é a da flor de um pau-brasil.


[2] Dicionário Etimológico resumido, de Antenor Nascentes, Instituto nacional do Livro, MEC, 1966, p. 112.

[3] Cf. mais em: Dicionário Etimológico resumido, de Antenor Nascentes, Instituto nacional do Livro, MEC, 1966, p. 112.

 

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Fabiana Cabral Pazzine é professora de história. Pesquisadora de História Cultural e Social.

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