Escolas de Taubaté queimaram livros de Monteiro Lobato. Veja.
Camarada Lobato
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Hugo Di Domenico: o tupinólogo
Conheça um pouco das pesquisas sobre a língua tupi feitas pelo médico Hugo de Domênico que faleceu aos 99 anos na noite de domingo (6 de abril)
Com vasta produção literária, Hugo de Domenico, colecionou ao longo da vida uma volumosa pesquisa sobre a língua tupi, que resultou no lançamento de três dicionários: Toponímia e Nomenclatura Indígenas do Município de Taubaté (Prefeitura Municipal de Taubaté, Taubateana n. 3, 1976), Fitonímia e Zoonímia Indígenas do Município de Taubaté (Prefeitura Municipal de Taubaté, Taubateana n. 9, 1981), Léxico Tupi-Português – com aditamento de vocábulos de outras procedências indígenas (Taubaté, Editora da Unitau, 2008, 1087p). Além dessas outras obras sobre os indígenas no Vale do Paraíba.
“É um homem que levou a vida dele procurando decifrar os termos tupis da nossa região”, conta o pesquisador Bernardo Ortiz.
“( O estudo do tupi) é um trabalho profundo, demorado, cauteloso e a figura do Dr. Hugo de Domênico é de um importância primordial para o estudo da língua tupi no município de Taubaté.” lembra a paleógrafa Lia Carolina.
Acreditava que não era possível compreender a língua portuguesa por completo sem ao menos conhecer o tupi.
Segundo as palavras do próprio Hugo Di Domenico, os brasileiros “pouco conhecem sobre sua própria língua. A influência que os idiomas das povoações nativas tiveram sobre a formação do português brasileiro hoje passam despercebidas. Temos um português próprio, diferente do português de outras nações e incompreendido pela maioria dos brasileiros”, declarou em entrevista ao Almanaque Urupês em 2012.
Com seus estudos, Hugo Di Domênico traduziu o Vale do Paraíba, desconstruiu as palavras em tupi que fazem parte do nosso vocabulário e nomeiam os lugares, os animais e as plantas.
Humilde diante do enorme legado, Hugo de Domenico deixou um recado: “Eu gostaria apenas que eu seja lembrado como um profissional que cumpriu com seus deveres”.
Veja, nos vídeos, uma pequena fração do trabalho de Hugo Di Domenico:
O que significa “Taubaté”:
“Paraíba”, o principal rio da região
Rios da região: Paraitinga, Paraibuna e Piracuama:
Hugo Di Domenico morreu na noite de domingo, 6, aos 99 anos. O corpo esta no velório Sagrada Família, próximo a CTI e será cremado em São José dos Campos, segundo desejo do próprio médico.
Hugo Di Domenico era filho de italianos. Nascido em Lorena em 4 de agosto de 1914, foi ao Rio de Janeiro aos dezessete anos, onde se formou em medicina. A vinda para Taubaté se deu por influência do médico José Cembranelli e aqui tornou-se diretor do Pronto Socorro do antigo Hospital Santa Isabel, chefe da Clínica Médica de Mulheres e do Departamento de Patologia. Casado há 74 anos com Marie Henriquette Baum Di Domenico, teve três filhos e cinco netos. Os estudos de línguas resultaram em três obras fundamentais para o entendimento da linguagem cotidiana do português brasileiro e a história de Taubaté: “Toponímia e Nomenclatura indígena do Município de Taubaté (1976), “Fitomínia e Zoonímia Indígenas do Município de Taubaté” (1981) e “Léxico Tupi-Português” (2008).
Obras do autor:
- Manual Prático de Ondas Curtas em Medicina (em colaboração com G. Lapawa)
- Virgílio Várzea (Separata da Revista Paulista de Medicina, vol. 5, n. 10, 1969)
- Cruz e Souza (Separata da Revista Paulista de Medicina, vol. 81, janeiro, 1973)
- Poemas
- Considerações sobre a etimologia do topônimo Taubaté (Separata da Revista Paulista de Medicina, vol. 86, setembro/outubro, 1975)
- Toponímia e Nomenclatura Indígenas do Município de Taubaté. Prefeitura Municipal de Taubaté, Taubateana n. 3, 1976.
- O Topônimo Pindamonhangaba, em razão de sua etimologia e dentro do quadro da primitiva penetração civilizadora do Vale do Paraíba. Preleção no curso de História de Pindamonhangaba promovido pelo Conselho Municipal de Cultura da Prefeitura Municipal de Pindamonhangaba.
- Fitonímia e Zoonímia Indígenas do Município de Taubaté. Prefeitura Municipal de Taubaté, Taubateana n. 9, 1981.
- A variante Tabebaté – seu ajustamento e valor etimológico no estudo do topônimo Taubaté. Ângulo – Cadernos das Faculdades Integradas Teresa D’Ávila, Lorena, 1988, n. 37, jan/mar.
- Ensaio lingüístico – O dual. A dualidade. Ângulo, n. 23-24, Lorena.
- A medicina no Folclore
- Caminhos da Alma – poesia em prosa e verso.
- Estudos de Tupi
- Léxico Tupi-Português – com aditamento de vocábulos de outras procedências indígenas. Taubaté, Editora da Unitau, 2008, 1087p. (Mais informações Jornal O Lince)
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Monteiro Lobato em notas
Veja curiosidades sobre o escritor taubateano
Um dos nomes mais conhecidos da literatura nacional, o escritor taubateano é estudado em suas múltiplas facetas. Desconstruído e reconstruído inúmeras vezes e em incontáveis biografias, artigos e monografias, tem uma trajetória das mais conhecidas entre estudiosos da literatura mundial.
Arriscamos aqui, em poucas frases, reunir algumas curiosidades sobre o ilustre escritor, fragmentos, em mais uma desconstrução sobre o autor das mais famosas personagens da literatura infantil, de alguns dos mais intensos questionamentos sociais na literatura adulta e um dos mais críticos articulistas da imprensa brasileira.
- Nasceu em 18 de abril de 1882, mas jurava de pé junto ter nascido em 1884
- Era filho de Olímpia Monteiro, a filha legitimada de José Francisco Monteiro, o Visconde do Tremembé.
- Foi alfabetizado na infância pela mãe. Era um aluno mediano. Chegou a ser reprovado em língua portuguesa.
- Ficou órfão de pai e mãe aos 17 anos e passou a ter o Visconde como tutor.
- Por determinação do avô, formou-se em direito em 1904.
- Em 1905, foi nomeado promotor interino de Taubaté e, em 1907, promotor público na cidade de Areias.
- Na adolescência, namorou a artista plástica Georgina de Albuquerque. Mas, casou-se com Maria Pureza Natividade, em 1908, com quem teve 4 filhos: Marta, Edgard, Guilherme e Ruth.
- Com a morte do avô, em 1911, herdou a fazenda do Buquira, localizada no atual município de Monteiro Lobato.
- Dezenas de livros, textos e contos formam a obra infanto juvenil de Monteiro Lobato. Estudos apontam que “D´après nature”, conto publicado em 1903, marcou sua estréia no gênero.
- Era “viciado” em café com farinha, rapadura e içá torrado.
- Pintura e fotografia eram hobbies. Lobato não resistia a um selfie (auto-retrato).
- Teve uma “vida cigana”: morou em Taubaté, Areias, Caçapava, São Paulo, Rio de Janeiro, Estados Unidos e Buenos Aires.
- Era fã do empresário americano Henry Ford, do escritor Emile Zola e do filósofo Friedrich Nietzsche.
- Morreu em 4 de julho de 1948, dois dias após gravar o único registro conhecido de sua voz.
Frase
“Eu tenho certeza de que ele (Monteiro Lobato) teria um Ipad hoje. Ele era um deslumbrado por todas essas engenhocas. “, Marisa Lajolo organizadora de “Monteiro Lobato, livro a livro”, publicações que analisam os textos infantis e adultos do escritor taubateano.