Do Taubateense ao Taubaté

Alfredo Abrahão estreia no Almanaque Urupês relembrando Joaquim Moreira, o Moreirinha, o homem que encarnava o E. C. Taubaté.

Convidado pelos irmãos Pedro e Ângelo Rubim, assumi com alegria o compromisso de escrever periodicamente para este prestigioso Almanaque Urupês a sobre as histórias e as lembranças de tudo que vi, vivi e   ouvi a respeito do Esporte Clube Taubaté. Antigamente chamado somente de “Esporte” por todas as pessoas que, de alguma forma a ele eram ligadas, o clube sempre foi muito amado na cidade. Sim, era o Esporte o nosso clube: – você viu o jogo do Esporte? – aqui é o campo do Esporte – o Esporte ganhou – o Esporte vai jogar em Ribeirão – o Esporte está em primeiro – a torcida do Esporte lotou o campo. Era assim que todas as pessoas se referiam ao Gigante do Vale. Com o passar do tempo, com a influência da grande mídia, que não podia, por motivos óbvios, chamar o clube de Esporte, e o chamava somente de Taubaté, nós nos acostumamos a chamá-lo assim. Justo e correto, porque esse é seu nome. Esporte era apenas um apelido carinhoso. Mas, até hoje, quando a conversa é apenas entre os “veteranos”, é comum ouvir-se “Esporte”. E a gente ri com saudades. Sim, porque os tempos de “Esporte” nos trazem muitas, mas muitas saudades mesmo. Mas, como não vivemos somente de saudades, vamos falar também dos tempos mais recentes. E aqui neste espaço vou tentar transmitir com palavras tudo aquilo que me vier à lembrança, e também lhes mostrar as imagens que tiver em mãos. Não haverá preocupação com qualquer ordem cronológica.

Para que tenhamos um início marcante, tenho a satisfação de apresentar a vocês uma figura que é uma unanimidade como exemplo de dedicação, amor, orgulho e respeito pelo nosso clube. Quem o conheceu sabe do que estou falando; quem não o conheceu, é quase certo que dele já ouviu falar. Trata-se do grande JOAQUIM MOREIRA, o nosso estimado Moreirinha, uma pessoa simpática, carismática, que nos transmitia um sentimento incrível: ele personificava o clube! Quando eu conversava com o Moreira, parecia que estava falando com o próprio Esporte Clube Taubaté. Frequentemente eu ia conversar com o Moreirinha. Era sempre uma satisfação. Às vezes, quando o time perdia um jogo, no dia seguinte eu ia aborrecido até sua salinha no clube, conversava com ele, e dali saia tranquilo e sereno. Afinal, eu havia falado com o próprio Esporte, e ele estava calmo, sorridente e fazendo piadas. Outras vezes, era eu que o animava. Desanimar, jamais. Quando nosso time ganhava, era uma festa.  Assim era o Moreirinha, um homem de paz. Gostava de receber as pessoas que gostavam do Esporte. Às vezes ficava irritado com algumas coisas, mas queria somente o bem de tudo e de todos.

No ano de 1990, eu procurava uma forma de registrar a incrível relação do Moreirinha com o Esporte. Era uma pessoa que tinha muito que contar sobre a vida do Taubaté. Coisas preciosas demais, que não podiam se perder. Realizamos então a entrevista que vocês verão a seguir, na qual isso tudo foi registrado. Nela, vocês ficarão sabendo, em relato do próprio Moreira, por quanto tempo ele viveu dentro do clube e quais as funções que exerceu.

Naquele ano, conversando com minha filha Luciana, ela teve a feliz lembrança de me sugerir que procurasse o Roberto Beto Donzellini no Departamento de Comunicação da Unitau. Lá fui eu conhecer e falar com o Beto. Ele ficou entusiasmado com a idéia. Sim, claro, porque o Beto gosta muito do Taubaté e sabe de seu valor dentro da História da cidade e sabia também da importância do Moreira na vida do clube. Além do mais, o Beto, um apaixonado por História, não deixaria passar uma oportunidade dessas. Para um historiador nato como ele, fazer um registro desses é um prêmio, uma vitória. Lembro-me agora que houve uma outra ocasião em que ele foi novamente meu parceiro, mas ali o assunto era diferente: caipiragem. Ainda terei o prazer de escrever sobre esse tema, aqui mesmo no Almanaque.

Voltando ao assunto do Moreira: no dia 12 de novembro de 1990, depois de tudo preparado, Beto pegou a melhor filmadora VHS que existia na época (uma máquina enorme, se comparada com as filmadoras de hoje) e fomos cumprir a missão. A entrevista foi feita por dois grandes jornalistas da velha-guarda: André Sierra e José Pedro Saturnino. Também havia sido convidado o Silva Neto que, infelizmente, não pôde comparecer. O resultado vocês conhecerão vendo as fotos e assistindo o vídeo abaixo.

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Alfredo Abrahão nasceu em Redenção da Serra. É taubateano desde 1954  e acompanha o E.C. Taubaté desde 1955. Atualmente é Primeiro Secretário do Conselho Deliberativo do Clube.

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