REVIVENDO OS PRIMEIROS DIAS DO FUTEBOL EM TAUBATÉ

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Escrevemos em nosso último comentário à propósito da criação ou instalação do futebol em Taubaté, aludindo a um boletim  ou folheto distribuído em1904 apopulação taubateana, explicando o que era o futebol e como o citado esporte devia ser compreendido e apreciado pelo povo. Continuando…

“Nas cabeceiras do campo haverá dois portões “goals” – e toda vez que a bola lançada contra o “goal” atravessá-lo, o “team” oposto terá ganho um tento ou ponto.

O “goal” é defendido por um ponteiro – “goal-keeper” – e os demais dez jogadores serão distribuídos, em linhas paralelas até o centro do campo, da seguinte maneira: Dois na retaguarda próximos ao “goal”, chamados “full-backes”, três médios, denominados “half-backes” e cinco dianteiros atacantes, denominados “forwards”.

O “goal-keepes” deve ser muito destro e corajoso, para não se deixar iludir pelos contrários e quando a bola se aproxima de um dos “goals” a luta torna-se renhida, a queda do arco iminente e somente disciplina, coragem, inteligência e energia, resolvem a situação.

Acervo DMPAH

As linhas demarcatórias do campo (“ground”) que deve se regular e plano, têm vários nomes: as linhas laterais chamam-se “touch lines” e as cabeceiras “goal-lines”. O futebol é esporte e também divertimento, com regras disciplinadores que o tornam muito sugestivo e inteligente.

As regras principais são as seguintes:

1) Nenhum “foot-baller” pode usar os braços e as mãos para se auxiliar no jogo: Exceto os “goal-keepers”. A este é lícito esse procedimento, sem entretanto poderem dar mais de dois passos com a bola na mão. 2) Os campos de cada “team” são escolhidos por meio de sorteio entre os “capitains” e o “captain” que perder o “toss” (sorteio) determinará ao seu “center-forward” que dê o primeiro “kick” – o “place-kick”. 3) O jogo dura 90 minutos divididos em dois “half-times” (meios tempos) de 45 minutos cada um, em cujo intervalo é facultativa a troca de “keepers”. 4) Quando a bola transpõe as linhas de limite do campo, diz-se que está “off-side”, isto é, fora de jogo. 5) Se ocorrer um “off-side” pela linha de “touch”, a bola será lançada com as duas mãos sobre a cabeça, por um adversário do quadro que a pôs fora do campo.

P. S. – Anotamos somente algumas regras, omitindo muitas outras, na intenção somente de dar uma idéia de como se desenvolve uma partida de “foot-ball”.

Esse esporte além de sua beleza tem um cunho muito artístico. Desenvolve e fortalece o sistema nervoso, faz o homem destro e desenvolve nele qualidades varonis”.

Com essas explicações e métodos, aprendiam os nossos conterrâneos nascidos no século passado a jogar o futebol da escola inglêsa, há setenta anos.

Todavia a euforia, o entusiasmo que se notava em Taubaté pelas vitórias do “Club Sportivo Taubateense” em seu campo e nas cidades vizinhas como autêntico campeão do “Norte de São Paulo” nome erroneamente dado a esta zona, era o reflexo, o contágio do que acontecia na Capital do Estado. E por todo o interior de São Paulo surgiam centenas e centenas de clubes.

Voltando ao nosso “Club Sportivo Taubateense”, assinalemos que ele durou alguns anos. Desapareceu antes de 1910: Os seus jogadores em boa parte foram se mudando para São Paulo, para o Rio, em busca do futuro, outros foram prosseguir nos estudos, porque Taubaté não dispunha de escolas para a mocidade e para a juventude, sendo ainda limitado o meio para os moços que desejavam progredir, encontrar um porvir com horizontes mais largos.

Entrava em recesso o Velódromo. Mas estava escrito, que, dentro de muito poucos anos, milagrosamente o futebol taubateano ressurgiria das cinzas como uma nova “Fenix”, para se alçar aos céus esportivos do Brasil como uma estrela de primeira grandeza, glória imarcescível do futebol amador do Brasil!

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Osvaldo Barbosa Guisard. Taubaté no aflorar do século.

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Almanaque Urupês: Abaixo, selecionamos uma resenha de um jogo de futebol, escrita pelo CTI Jornal, em maio de 1937

CTI Jornal, 15-05-1937

[box style=’info’] Oswaldo Barbosa Guisard (1903-1982) 

oswaldoFoi executivo da CTI, vereador e presidente da Câmara. Idealista, participou do grupo fundador da Semana Monteiro Lobato e por 30 anos foi seu principal divulgador, mantendo acesa a sua chama original. Batalhou com perseverança pela preservação e tombamento da Chácara do Visconde, local onde nasceu Monteiro Lobato. Sua fabulosa memória o levou a escrever o livro “Taubaté no aflorar do século, uma grande obra. [/box]

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