Presença de Anita

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Minha impressão pessoal diante de “Presença de Anita”- o romance do sr. Mario Donato, que divulgado em São Paulo teve sua primeira edição esgotada no fim de três dias- e de que a critica se mostrará perplexa, sem saber afirmar se o livro é bom ou não presta.

Trata-se, na verdade, de um trabalho curioso, de técnica absolutamente nova e de concepção ousada. O autor, completamente alheio à paisagem, como fora Machado de Assis, limitou-se, como este, a dissecar almas e a penetrar caracteres. Seus personagens são bem definidos e se movimentam num cenário de paixões intensas e de lances violentos.

Mario Donato, em seu livro, influenciado talvez por Lawrence, autor de “Lady Chaterley”, que tão fundamente escandalizou a austera sociedade londrina, usa certas páginas de processos idênticos, quando escreve algumas cenas do mais cru e desconcertante realismo.

Edgard Cavalheiro, aliás, já chamou a atenção dos leitores de “Presença de Anita” para este ponto, e um outro crítico também já assinalou na obra a mais completa ausência da paisagem.

Creio que a glória do livro do sr. Mario Donato será de duração efêmera, pois me parece que ainda não estamos bem preparados para compreender-lhe a nobreza dos intuitos. De qualquer forma, porém, aguardemos o que ainda poderá provocar em nossos meios literários o “Presença de Anita”.

[box style=’info’] Cesídio Ambrogi (1893-1974)

cesidioNasceu em Natividade da Serra-S.P. Em 1904 muda-se com a família para Taubaté. Jornalista militante, colaborou, por meio século, em periódicos de São Paulo. Tomou parte ativa na vida artística e literária valeparaibana.
Em 1923 tem seu livro de “As Moreninhas” editado pela Monteiro Lobato Editores. A partir daí nasce uma amizade que, em parte, é registrada nas dezenas de cartas, ainda inéditas, que Lobato enviou ao escritor.
Em 1947 lança o livro “Poemas Vermelhos” prefaciado por Monteiro Lobato. A obra tem grande repercussão na crítica literária da época.
Fez parte do grupo de intelectuais que instituíram a “Semana Monteiro Lobato”.
Permeada pela poesia e pelo amor as tradições populares, a obra de Cesídio Ambrogi apresenta o dom poético e a arte de versejar que o fizeram um dos mais importantes poetas paulistas. [/box]

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