Capela do Pilar

A Capela de Nossa Senhora do Pilar é um dos mais importantes patrimônios históricos de Taubaté, destacando-se por sua arquitetura e por sua forte ligação com a formação religiosa da cidade. Erguida no século XVIII, a capela mistura elementos do Barroco Paulista em sua fachada e detalhes internos de inspiração rococó. Suas paredes em taipa de pilão, moldadas a partir da compactação de terra e seu formato hexagonal fazem do edifício um exemplar arquitetônico único.

O responsável pela iniciativa de construir o templo foi Timóteo Corrêa de Toledo, devoto de Nossa Senhora do Pilar e membro de uma família de origem espanhola. Em 1747, ele obteve autorização da Cúria de São Paulo para iniciar a obra, finalizada por volta de 1760. A decoração interna, porém, só seria concluída aproximadamente uma década depois.

Antes mesmo da existência física da capela, já atuava na cidade a Irmandade de Nossa Senhora do Pilar, composta por comerciantes e pequenos proprietários que desempenharam papel importante no núcleo urbano inicial de Taubaté. Timóteo foi seu primeiro zelador, função que exerceu até sua morte, em 1788.

Reconhecida pelo seu valor histórico e artístico, a capela é tombada pelo IPHAN, pelo CONDEPHAAT e pelo Conselho Municipal de Patrimônio. Após reformas e diferentes usos ao longo do tempo — incluindo o abrigo do Museu de Arte Sacra — o edifício passou, em 2022, ao patrimônio da Prefeitura de Taubaté.

Curiosidades

O homem dos três trintas

(Imagem: Primeira Missa de Timóteo Correa de Toledo reimaginada como auxílio de inteligência artificial)

Há uma lenda, que segundo a tradição oral, Timóteo Correa de Toledo ficou conhecido como o homem dos três trintas, pois ele teria morrido com 90 anos (na verdade com 89) dos quais teria permanecido trinta anos solteiro, trinta anos casado e trinta anos como padre.
Depois de ordenado padre, realizou a sua primeira missa na Capela, em 1765, assessorado por seus filhos, os sacerdores Carlos Correa de Toledo e Mello, Bento Cortez de Toledo e o Frei Antônio de Santa Úrsula Rodovalho.

Filhos inconfidentes

(Imagem: Urna Funerária de Luiz Vaz de Toledo Piza, exposta no acervo do Museu Histórico de Taubaté - AMPAH)

O padre Carlos Corrêa de Toledo e Luiz Vaz de Toledo Piza — filhos de Timóteo — participaram da Inconfidência Mineira. Foram, por isso, condenados ao degredo (exilados).
O padre Bento Cortês de Toledo também estava em Minas Gerais na época da Inconfidência e por isso foi citado nos autos da Devassa, apesar de não ser considerado culpado.

Convênio de Taubaté

A praça do Pilar se chama, na verdade, Praça do Convênio. Ela recebeu este nome porque na outra esquina, onde hoje está o Banco do Brasil, existia o sobrado de D. Leopoldina Varella, que era a sede da Câmara e Prefeitura Municipal.
Em 1906, o local foi escolhido para sediar a assinatura do mais importante acordo político e econômico da primeira República: o Convênio de Taubaté, que fundou a chamada República do Café com Leite.
E no casarão da Dona Chiquinha de Mattos, na outra esquina da Rua Visconde (atualmente loja Torra Torra), em frente à Capela do Pilar, ocorreu o almoço e baile de celebração do acordo que reuniu os então presidentes dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Bispo Rodovalho

A rua lateral à Capela do Pilar leva o nome de Bispo Rodovalho.
Filho de Timóteo Correa de Toledo e Úrsula Isabel de Melo, tornou-se franciscano em 1761 e frei no ano seguinte, quando recebeu o nome de Frei Antonio de Santa Úrsula Rodovalho.
Em 1810 foi nomeado bispo de Angola e há relatos de que foi confessor da Rainha de Portugal, D. Maria I, a Louca.