Saiba como surgiu o Arquivo Histórico de Taubaté

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Antes que a prefeitura assumisse a guarda, a coleção mais rara de documentos da cidade teve que contar com o empenho de muita gente para existir até hoje.

Os cartórios da cidade, na década de 1920, estavam abarrotados de papéis e documentos acumulados desde quando Taubaté ainda era uma vila. O tempo, o descaso e as traças transformavam tudo numa montanha de papéis bolorentos, que só interessavam a uma pessoa na cidade. Tratava-se de Felix Guisard Filho, que foi calorosamente saudado ao se tornar depositário de toda aquela papelada.

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Testamentos, inventários, petições, processos, autos e papéis cartoriais semelhantes –  datados a partir de 1646 – foram confiados, estudados, publicados e ficaram preservados na Fazenda Cataguá pelo historiador até sua morte repentina em 6 de outubro de 1964.

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História na Sauna

Nos anos seguintes, Maria Eulália Monteiro Guisard, viúva de Guisard Filho, tentou de todos os jeitos devolver a papelada já muito menos embolorada aos legítimos donos. Todo mundo se fingiu de morto. Piorando o que já era ruim, o museu estava fechado e ainda não existia uma biblioteca pública em Taubaté.

Eis que surge a figura de José Claudio Alves da Silva: ex-aluno da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Taubaté, aficionado pela História de Taubaté e discípulo declarado da professora Maria Morgado de Abreu.

Na raça, José Claudio construiu um pequeno galpão e convenceu o prefeito e D. Maria Eulália que poderia ser o depositário do acervo de documentos.

Todos os responsáveis toparam e em 10 de abril de 1968 uma das mais preciosas coleções do atual Arquivo Histórico Felix Guisard Filho foi transladada num caminhão da Fazenda Cataguá para ficar guardada na rua Emílio Winther, 667, num anexo da antiga Sauna Finlandesa, estabelecimento que pertencia a família de José Claudio.

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Os Relatórios do Zé Claudio

Boa parte dessa história está registrada em um conjunto de minuciosos relatórios que José Claudio da Silva enviava a historiadora Maria Morgado de Abreu.

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Documento do Acervo de Maria Morgado de Abreu

É interessante observar o momento em que o Estado assumiu a guarda das fontes primárias da História de Taubaté: 18 de julho de 1970.

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Documento do Acervo de Maria Morgado de Abreu

Essa foi a data em que o acervo foi confiado ao Museu do Ipiranga e ao Serviço de Documentação da USP. Em São Paulo ele seria imunizado, restaurado e organizado. Ao fim, os documentos retornariam a um lugar apropriado em Taubaté.

Na foto, Ana Lúcia di Lourenzo e Lia Carolina Prado Alves. higienizam os documentos taubateanos. (Acervo Maria Morgado de Abreu)
Na foto, Ana Lúcia di Lourenzo e Lia Carolina Prado Alves, higienizam os documentos
taubateanos.

Somente depois de 1975, quando a Divisão de Museus e Arquivo Histórico de Taubaté foi instituída, é que o acervo histórico voltou para o solo taubateano.

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