Geny Marcondes

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Nascida em 05 de maio de 1916,  Geny foi uma artista completa, multimídia, muito antes de inventarem esse termo. Transitou com desenvoltura por várias plataformas de comunicação. Atuando como compositora, arranjadora, escritora, poetiza, jornalista ou artista plástica, nunca se intimidou diante das novas tecnologias.

Em 1927, ainda vivendo em Taubaté, acompanhou a orquestra de Fêgo Camargo musicando filmes mudos. Os filmes sonoros acabaram com a festa.

“Uma grande figura que eu jamais esquecerei é o Fêgo Camargo. Ele era um grande artista. Uma pessoa adorável, que me levou a tocar piano profissionalmente.”

Mudou o foco adaptando o Sítio do Picapau Amarelo em forma de opereta. O resultado, elogiado pelo próprio Monteiro Lobato, abriu os horizontes profissionais de Geny.

O bilhete enviado por Lobato é bastante esclarecedor:

“D. Geni: Quer minha opinião sobre os números musicais que compôs para a minúscula opereta NARIZINHO? Não sou músico, vou logo avisando, mas também não sou nenhum paralelepípedo. Achei ótima essa música porque ela é uma leve estilização de velhas musiquinhas populares que tanto ouvi em menino (…). Pareceu-me tão bom o arranjo, tudo se casou tão bem com o espírito daqueles personagensinhos (..).Adeus, dona Geni. Desejo-lhe um merecido triunfo.
Do admirador atento,
Monteiro Lobato”

Geny sempre repetia que devia sua aposentadoria ao autor de “Reinações de Narizinho”.Mudou-se para o Rio de Janeiro e foi contratada pela Rádio MEC para consolidar a programação infantil da emissora. Criou programas campeões de audiência, que se serviram de modelo para gerações de produtores.

Geny Marcondes. Acervo Almanaque Urupês

Lançou e influenciou artistas do primeiro time. Chico Anysio estreou profissionalmente sob a direção de Geny.

“Eu não queria ser apenas pianista, porque isso não me satisfazia. Eu queria criar, queria ser compositora.”

Nos anos 50, migrou para a recém-inaugurada televisão. Foi premiada como melhor produtora de rádio e televisão. Com o advento da fita magnética, provocou a imaginação das gerações que ouviram a coleção de discos infantis Carroussel.

Nos anos 60, tornou-se a primeira mulher arranjadora musical no Brasil. Seus êxitos estão devidamente registrados pelos estudiosos do tema. Na década de 70, emprestou seu talento para o cinema. Destaque para o premiado “Marcelo Zona Sul” (1970), musicando em parceria com Denoy de Oliveira.

Também foi roteirista de histórias em quadrinhos. As aventuras do Coelho Ronaldo, uma HQ que vinha acompanhada de um disquinho, foi um fenômeno de vendas. Unindo música e imagem criou o curso multimídia Ver/ Ouvir, um precursor.

Nos anos 80, mudou-se para Petrópolis, destacando-se como artista plástica e coordenou a criação do centro cultural. Em 1988, a cidade viveu uma tragédia só superada pela calamidade de 2011. Geny feriu-se, perdeu a casa e pertences. Abalada, voltou para Taubaté.

Faleceu em 30 de janeiro de 2011.

► Bibliografia

Livro “A vida em sol maior: lembranças, histórias e peripécias de Geny Marcondes, Francisco de Assis

Acervo Almanaque Urupês

Dicionário Itaú Cultural 

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