O rei dos cinemas em Taubaté (bem antes de Mazzaropi)

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Filme musicado ao vivo em Taubaté foi sucesso de bilheteria nos primeiros anos do cinema na cidade

Não foi Chaplin o campeão de bilheteria em Taubaté no começo do século 20, nem Georges Méliès o rei dos efeitos especiais nas salas de cinema da cidade. O Filme que ficou anos em cartaz e impressionou o taubateano foi feito por um espanhol, Segondo de Chomón.

O cineasta, que começou sua filmografia em 1902, é conhecido por ter feito sua própria versão do clássico “Viagem à Lua”. Intitulado “Excursão à Lua”, o filme foi colorizado à mão, quadro a quadro, e exibido nos cinemas do mundo inteiro.

Segondo de Chomòn
Segondo de Chomòn

O filme que tornou-se um clássico taubateano foi outro. “… antes mesmo do aparecimento do famoso cômico Max Linder, o Cinema nos apresentava uma espécie de filme mágico, onde o principal protagonista atendia pelo nome de Pick Pocket. Era assim uma espécie de duende, transformando-se em pilhas de tijolos, em bicicletas, em cobras ou qualquer outro animal, varando paredes com a maior facilidade, sempre que era perseguido pela Polícia, que ficava de boca aberta com os truques do personagem”, lembra Emilio Amadei Beringhs, em crônica do seu famoso “Conversando com a Saudade”.

A película é curta, tem pouco mais de quatro minutos, é em duas partes, mas só a primeira chegou à cidade. L’insaisissable Pickpocket (algo como “O indescritível batedor de carteiras”, em tradução livre), título original, é, obviamente, mudo, mas “apareceu a música tipicamente taubateana para acompanhar o filme”, completa Beringhs. Filipe Santiago de Paula, músico da cidade, compôs uma polca que mais tarde seria executada por outro compositor paulista em uma rádio da capital, depois gravada pela Rádio Difusora de Taubaté pelos compositores Arthur Vieira e D. Escolástica Vieira em forma de assobio. O filme, com a composição de Filipe Santigo ao fundo, foi exibido simultaneamente no Cine Rio, no Cine Odeon e no Taubaté Cinema.

“O Pick Pocket foi um acontecimento na cidade. Musicalmente parodiando o maluco do filme, em seu terno xadrez branco e preto, chapéu palheta e suas diabruras e mágicas incontroláveis e por cima a música típica a realçar as cenas, fez com que a figura modesta mas ativa do “Nhô Felipe” chegasse até nós, como uma saudade imensa dos bons tempos em que as experiências cinematográficas constituíam todo o enlevo de um povo”, arremata Beringhs.

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