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Cônego Valois de Castro, o deputado
Há 75 anos morria o representante do clero de Taubaté na Câmara Federal
Natural de São Luís do Paraitinga, José Valois de Castro nasceu em 1856. Filho de Filadelfo Castro e irmão do Monsenhor Nascimento Castro, o vigário geral da Diocese de Taubaté nas primeiras décadas do século XX. Entrou para o Seminário de São Paulo a 2 de julho de 1871, fazendo ali todos os seus estudos preparatórios e superiores. Foi sacerdote, professor da Faculdade de Direito de São Paulo, deputado e advogado. Segundo referências, era um político fino que representou no legislativo Taubaté e toda esta região. Foi deputado estadual, federal e senador por muitos anos. Faleceu em 30 de junho de 1939 em São Paulo.
Fonte: Livro Contribuição à História de Taubaté: denominação de vias e logradouros públicos de Umberto Passarelli.
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IGREJA E POLÍTICA DURANTE A PRIMEIRA REPÚBLICA:
O CASO DO CÔNEGO JOSÉ VALOIS DE CASTRO
de Thiago Donizetti da Cunha
As primeiras décadas republicanas são identificadas pela produção historiográfica como o período de consolidação do regime político federalista e de reordenação institucional da Igreja Católica no Brasil com o fim do Padroado e com o fortalecimento do processo de romanização de suas unidades religiosas. O objetivo da pesquisa foi investigar as relações e tensões entre Igreja Católica e República por meio das ações do cônego José Valois de Castro, atuante como político nas Câmaras Legislativas de São Paulo e da União. Os dados foram analisados a partir das categorias de análise política, romanização e estadualização, temas de maior incidência
encontrados nas fontes, compostas pelos anais da Câmara Federal dos Deputados, e de documentos eclesiásticos. Verificou-se que as intervenções de Valois de Castro resultaram na formação de alianças entre Igreja e Estado no conjunto da Federação para preservar minimamente as prerrogativas que a Igreja dispunha antes da supressão do regime de Padroado, no intuito de contribuir para a romanização da Igreja sem grandes perdas materiais e de influência ideológica. Concluiu-se que desta relação mediada pelo cônego, se desenvolveu uma complexa interdependência de compromissos entre a hierarquia católica e representantes do Estado para além das fronteiras propriamente partidárias, com o objetivo de sustentar o domínio oligárquico e de possibilitar à Igreja sua presença entre as classes dominantes.
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Os mortos da praça D. Epaminondas
Você acharia absurdo tropeçar em ossadas humanas em pleno centro de Taubaté? Pois acredite, isso aconteceu de verdade.
Em 23 de maio de 1969, o jornal A Tribuna publicou uma nota sobre o assunto que estava causando alvoroço na cidade: havia uma ossada humana na D. Epaminondas, a principal praça de Taubaté.
“As escavações que estão sendo feitas na praça Dom Epaminondas em frente à Catedral puseram a descoberto uma ossada humana, que foi recolhida e sepultada no Cemitério Municipal. Ninguém soube explicar a presença da ossada naquele local, à profundidade de um metro”.
José Claudio da Silva, autor das efemérides que são publicadas diariamente no Almanaque Urupês e um discípulo da historiadora Maria Morgado de Abreu, em carta enviada no dia seguinte ao editor do jornal, elucidou o mistério das ossadas humanas na praça principal de Taubaté.
“Com relação ao encontro de ossadas nas escavações na Pça. D. Epaminondas, que ali existiu o nosso primeiro cemitério.
Ao tempo da fundação do arraial, por Jacques Felix, a Igreja, dentre as primeiras e imprescindíveis construções, ficava no local da atual capela do Santíssimo Sacramento, na mesma posição, com cemitério ao derredor. Por ocasião da construção da nossa Catedral já foram encontradas ossadas no local, na escavação dos alicerces.
Atas da Câmara Municipal de Taubaté fazem referência a um cemitério de São Benedito, anterior ao atual que fica ao lado do Cemitério Municipal, e que ficava, também, em zona próxima do centro da cidade, condenado pela expansão da mesma”.
Pisando em ossos
Nas “Efemérides”, José Claudio cita outras ocasiões em que os taubateanos tropeçaram em ossadas humanas.
No carnaval de 1888, por exemplo, um grupo mascarados carregava um estandarte em que se lia: “Pedregulhos modernos para o calçamento das ruas”, alusão aos ossos humanos desenterrados da nave da Catedral e que serviram de entulho às ruas, conforme afirmava-se à época.
Em fevereiro de 1901, numa escavação que estava sendo feita na rua 4 de março foi encontrada uma ossada humana pelo encarregado do serviço.
Em setembro de 1905, na rua Cel. Marcondes de Mattos, no centro, pedreiros encontraram uma panela de barro contendo ossadas humanas. Na época julgaram que fossem de indígenas.
Desejo antigo
Não se assustem! O hábito de ser enterrado na nave das igrejas era prática comum em todo o Brasil Colonial. Faça uma visita às cidades históricas de Minas Gerais como Ouro Preto, Mariana, Diamantina, entre outras, e visite suas igrejas. Você notará que ali ainda estão marcados os locais onde as pessoas eram enterradas.
Na vila de Taubaté, os mais nobres locais de sepultamento eram na Matriz de São Francisco das Chagas e no Convento de Santa Clara. Hoje reformadas, não deixaram vestígios desses locais dentro de suas igrejas.
Bem distante do período colonial, o último sepultamento ocorrido no interior de uma igreja em Taubaté é bastante recente. Em 2012 uma missa celebrou a abertura do processo de beatificação do padre taubateano Dom Couto, que, no ato, teve sua ossada exposta e depois sepultada no interior da igreja de São Francisco das Chagas, a Matriz de Taubaté.