A Morta Ressuscitou

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Pânico e correria em mais um caso em que a realidade supera a ficção. 

Eulália Soares de 17 anos vivia com seus pais na Fazenda São Sebastião, Bairro de Lagoinha, distante seis léguas da cidade de Cunha. Vivia feliz a moça na vida simples da fazenda ajudando os velhos pais, colonos antigos dali. Há duas semanas mais ou menos Eulália começou à sentir fortes dores no corpo. Os remédios caseiros entraram em ação, mas nada conseguiu debelar o sofrimento da moça. A família não consultou médico e Eulália foi piorando, até que dia 18, anteontem, por volta das 13 horas caiu inteiriçada no chão. Correram todos de casa, além de vizinhos, mas foi tudo inútil. A moça apresentava todos os sinais característicos de morte.

“Meus Deus estou num caixão”

Entre lágrimas a mãe da jovem e uma vizinha lavaram o corpo e vestiram-no. O caixão foi feito rapidamente e Eulália foi colocada em cima da mesa. Deixemos que fale agora o informante, Sr. João Clodomiro Sais:

“Era mais ou menos duas horas da manhã e na sala estava eu, o pai e uma tia da moça. Nisso notei que a mão do cadáver se mexia. Fiquei quieto. Eu estava sem dormir e pensei que fosse sono. Esfreguei os olhos, mas a mão mexeu outra vez. E de repente, Eulália levantou-se ficou sentada no caixão, olhando tudo muito espantada. Então disse “Meu Deus estou num caixão…” . Aí nós disparamos para fora à gritar. Eu fiquei com tanto medo, que perdi um sapato e nem senti. Afinal apareceram diversas pessoas, entre as quais um moço de nome Rogério que namorava a morta e voltamos todos. Eulália estava sentada numa cadeira, chorando muito, Só então vimos que ela não tinha morrido. Soubemos depois que havia sido vítima dum ataque de catalepsia …”

Do  correspondente em Cunha

 Jornal A Notícia 20 de janeiro de 1950

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A Notícia, 20/01/1950. Hemeroteca Antonio Mello Jr. /DMPAH

A ressuscitada de Lagoinha

Fala a reportagem de “A notícia” Eulália Soares – notas

Noticiamos há dias o estranho caso de Eulália Soares que vítima de um ataque de catalepsia, havia acordado dentro de um caixão, já na mesa, guardada pelos parentes. O susto dos que alise achavam foi enorme e existiu quem perdesse um sapato na correria. Agora que tudo passou e que a rotina tomou conta de novo da vida de Eulália Soares e sua família procuramos a moça, heroína de tão interessante episódio.

“Que susto”

Encontramo-la entregue a seus afazeres na modesta casinha da Fazenda São Sebastião. Declinamos nossa identidade de jornalistas e após rodeiros, a moça falou:”Foi o maior susto de minha vida. Imagine o Sr. que acordei com a luz das velas nos olhos e com flores ao meu lado. Quando abri de vez os olhos reparei que tinha gente sentada em cadeiras rodeando o que depois vi ser meu caixão. Dei um grito e só vi pessoas correndo. Que susto tremendo. Tive a exata impressão que havia morrido mesmo. quando pude sair co caixão fiquei chorando num canto de tão nervosa. Foi quando chegou gente receosa, me procurando”. E num sorriso bonito: “eu pretendo viver até os 70 anos, se Deus quiser. E desde já o sr. fica convidado para meu casamento em maio. Meu noivo diante do acontecido, resolveu apressar o casório. Viu como é bom morrer nem que seja de mentira?”.

Jornal “A notícia” de 27 de janeiro de 1950

Veja também: Um fantasma na Estrada de Tremembé

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