Coluna do Teteco dos Anjos

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Por Teteco dos Anjos

Olá terráqueos e alienígenas. Quem vos fala aqui é Teteco dos Anjos, o heterônimo-personagem que eu, Marcelo Theo – músico, proto-poeta e jornalista –  criei para alçar voos mais radicais e lancinantes do que seria possível sob a vibração da suposta seriedade de um “Theo”.

Claro, nada original, pois, com respeito às devidas proporções, Chico Buarque outrora se fez Julinho de Adelaide, Fernando Pessoa foi várias pessoas, Nietzsche foi Zaratustra, a serelepe “Renata Paint” foi Shakira e Madona no Café Paradise, entre tantos. Em Taubaté, um outro exemplo desse fenômeno nem tão misterioso é TapaOlho Experimental, personagem do belo artista Junior Guimarães.

Enfim, a partir de agora, Teteco dos Anjos escreverá uma coluna semanal aqui no formoso e conceituadíssimo Almanaque Urupês, com prazer e euforia. Supermotivado e com a cabeça crivada de mirabolantes ideias. Nem “Rivotril” me segura. Atenção; uma coluna semanal pode se desdobrar em duas ou três. Não há regras. Quem manda é o pessoal do Almanaque.

teteco2A conversa aqui será literalmente um “papo de pangaio”; velha expressão usada entre grandes sambistas, como Noel Rosa, Vadico, Aracy de Almeida, Assis Valente, e que significa algo como a “lorota daquele malandro que finge saber das coisas”. Nada mais adequado.

Nesta coluna, irei dar dicas, boas ou más, e falarei sobre a efervescência cultural, social e até política dessa nossa querida e amada Taubaté e localidades vizinhas. Taubaté ou Taubatexas ?!

Farei o possível para não esquecer o que, de fato, nos é interessante. E por falar em efervescência cultural, não irei esquecer, por exemplo, das estripulias geniais de um Gustavo Lessa com seu “Transmulato”, um Lucas Bernoldi e suas “Sombras Coloridas”, um Pedro Freire e sua “Alameda 16”, um sempre “místico” Toninho Matos, uma talentosíssima Kika Pereira, um promissor Camilo Frade, um iluminado Diego Luz, ou Rafinha, Gui Lessa, MC Ralph e demais arteiros de outras esferas.

Ariella Parreira e João Ambrogi já estão de malas e instrumentos prontos para uma temporada na Europa, como a desbravadora Elaine Canineo. Transatlânticos sairão do porto de Santos mais uma vez abarrotados de talentos “taubatexanos” para cruzar os mares e iluminar o planeta.

Lá em São Luiz do Paraitinga, o poeta Marco Rio Branco está sempre na moita, à espreita para dar um bote fatal e nos encantar. Assim como todos os bons arteiros luizenses. E isso não é tudo. Tem muito, mas muito mais. Enfim, se você faz e produz coisas edificantes para Taubaté e região, certamente será lembrado e citado na coluna do Teteco.

E para finalizar essa apresentação, Bob Dylan disse certa vez, numa incrível tradução de Paulo Leminski, que “os vândalos derrubam os sândalos”. Aqui, queremos justamente o contrário; que os sândalos derrubem sempre os vândalos.

Vamos a primeira coluna.

“A Imaculada reverbera no mundo” 

 

Uma das coisas mais bonitas e certas do tributo a Renato Teixeira na última Festa do Folclore da Imaculada em Taubaté – a 55ª Festa – foi a interpretação de Kika Pereira para a canção “Amora”. Bonito e certeiro porque a talentosa cantora tem uma voz linda e graciosa e, junto com a doçura dessa canção, formou-se todo um clima sutil e emocionante. Kika tem razão; Renato Teixeira é um dos maiores compositores do Brasil e “Amora” é uma de suas obras-primas.

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Kika durante o Tributo em homenagem a Renato Teixeira.

Em geral, todos os artistas locais envolvidos no tributo fizeram bonito, bem bonito, e deram um toque de requinte à festa, que terminou no domingo, dia 23/08, com a belíssima e emocionante apresentação do Renato, nossa estrela maior.

Eu mesmo creio que minha apresentação individual, interpretando “Eu e Ney”, não foi lá grande coisa. Entrei nervoso e errei o primeiro verso da segunda estrofe. Acontece. Mas, fui bem no coletivo de “Amanheceu, peguei a viola” e “Romaria”.

Teteco dos Anjos no Tributo em homenagem à Renato Teixeira.
Teteco dos Anjos no Tributo em homenagem à Renato Teixeira.

Renato Teixeira trás na alma a marca, o carimbo, dos que surgiram para serem grandes. Os descolados diriam que o cara “tem feeling”. E tem.

Cresci ouvindo Bossa Nova e Jazz, ouvindo sambas de Noel e Dorival Caymmi, Caetano, Gil e Rock and Roll. Mas, nunca deixei de saber da grandeza poética, harmônica e melódica da música que Renato se propôs a fazer. E fez. E faz. A minha e nossa singela – e ao mesmo tempo grandiosa – participação em seu show na Imaculada acentuou ainda mais essa convicção.

Eu vi que essa última festa da Imaculada soube resgatar uma Taubaté bucólica e caipira de décadas e décadas atrás. Assim como Taubaté soube resgatar um pouco do espírito inventivo, simplório e lindo da arte da Rua Imaculada. O tempo a tudo transforma, claro, como o próprio Renato escreveu recentemente. Porém, essa foi, de fato, uma “senhora festa” para os dias de hoje.

Renato Teixeira com João Oliveira, Pedro Freire, Diego Luz, Teteco dos Anjos, Toninho Mattos, Lucas Bernoldi, Rafinha Acústico e Kika.
Renato Teixeira com João Oliveira, Pedro Freire, Diego Luz, Teteco dos Anjos, Toninho Mattos, Lucas Bernoldi, Rafinha Acústico e Kika.

E a arte da Imaculada está no planeta todo. Através das obras dos figureiros que se espalham mundo afora, através das canções de Renato Teixeira, através do reconhecimento nacional e internacional, através do nosso lindo “érre” retroflexo. O tal “érre” de porrrrta, de porrrrque. E agora através da velocidade vertiginosa da Internet, que a todos arrebata como uma grande epidemia.

Nas andanças da vida amalucada de artista independente que levo – ou será ela que me leva?! – me encontrei há alguns anos com Regina Casé em Sampa. Confesso que nunca fui lá muito fã, mas a simpatia dela para comigo venceu o que talvez fosse um ‘preconceito global’ que tinha. Enfim, de “sopetão” ela perguntou quem era eu e o que eu fazia; coisa que nem meu mais assíduo terapeuta ou Gautama Buda poderiam responder com assertividade. Muito menos eu, na época, mais bêbado que uma capivara no abismo. Mas, mandei essa: ‘sou Teteco dos Anjos, poeta mundialmente desconhecido, oriundo de Taubaté’.

No que então ela sorriu e disse; “só precisamos fazê-lo mundialmente conhecido, pois tua Taubaté já é famosa, e aquela Rua Imaculada é uma delícia”. Depois dessa, virei fã de Regina e muito mais consciente da autenticidade da arte que reverbera da Rua Imaculada para o mundo. Hillary Clinton que o diga !!!

 

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Teteco dos Anjos, “músico, proto-poeta e jornalista” e com a cabeça cheia de ideias mirabolantes, escreve semanalmente, ou quando der na telha, no Almanaque Urupês[/colored_box]

 

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