Livres e Livros

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Texto de Renato Teixeira publicado no Jornal Contato nº694

Por falta de tempo, ainda não terminei de ler o livro do Hortinho sobre o Esporte Clube Taubaté, mas nem vou precisar chegar ao fim se for apenas para concluir, sem sombra de nenhuma dúvida, que o livro é simplesmente ótimo; durante a leitura é como se eu e o velho amigo estivéssemos trocando figurinhas.

Sabendo de detalhes, fico mais por dentro dessa historia linda que amo e reverencio. O fato de ser amigo do autor e considerá-lo irmão, deixa a leitura muito mais interessante, mais reveladora.

E também não vou precisar ser um especialista da obra literária do Sebe para afirmar, sem nenhum pestanejar, que ele é um escritor de texto belo e conteúdo curativo. Seus livros, eu  sei, serão sempre honestos, sinceros e inteligentes.

Para mim, porém, serão bem mais que isso; afinal, desde cedo assisto sua intelectualidade pulsando acima da media, ampliando horizontes. A importância literária do Zé Carlos possibilita que eu possa pensar comigo mesmo, envaidecido da minha astúcia: “eu já sabia”.

O livro do Mario Celso contando a história do futebol de salão do TCC nos anos sessenta, com certeza só não é mais belo que o talento futebolístico do autor, apelidado de Marta Rocha.

Naquele tempo, tudo que era belo a gente chamava de Marta Rocha. Havia até um modelo de caminhonete com esse nome. Foi tão grande o talento de Mario Celso nas quadras de futebol de salão que a literatura veio até ele para mostra-lhe um caminho de palavras que nos levaria a lugares do tempo e da memória, que só os livros podem nos levar.

Emilio Amadei Bherings tive a honra e o privilégio de conhecer pessoalmente contando  momentos vividos por ele dentro da sociedade. Seu papel era seguir os acontecimentos pelos ares através das ondas sonoras da sua rádio. Seus livros mostram a escrita e o raciocínio dos homens do interior naquele momento do Brasil e da vida em Taubaté.

Quem, como eu, leu o livro que a saudosa professora Maria Morgado escreveu contando como era a vida na fazenda sem energia elétrica, percebe que a escrita em si é apenas um veículo no qual as pessoas levam para o futuro suas histórias.

Nem sei o que seria de mim sem os livros poeticamente mimeografados, de Cesidio Ambrogi.

Minha biblioteca ficou muito mais rica quando o professor Bernardo Ortiz me presenteou com os volumes da história documentada de Taubaté. Uma coleção fundamental, indispensável.

Livros são essenciais, no formato que for. Do papel ao digital, o que se conclui é que sem a escrita, não há vida. O conteúdo de um livro é a própria alma humana atuando na eterna missão de aperfeiçoamento.

Os bons livros são discípulos da qualidade humana. Quando ditadores resolvem promover um conceito novo de poder que lhes favoreça, queimam os livros que os contradizem em hediondas fogueiras.

(Mas, algumas “queimas” são benignas; vejam o caso dos amigos de Don Quixote que foram obrigados a queimar todos os livros sobre os grandes nomes da cavalaria que tomavam conta da biblioteca do homem de La Mancha, para que ele não pirasse mais do que já estava. Preservaram alguns, principalmente de um tal de Cervantes, nos quais o cura e o barbeiro entendiam tratar- -se de um principiante promissor).

Não há nada mais infame do que essas aberrações humanas queimando livros. Alguns, por nunca terem lido coisa alguma, se sentem mais seguros ao vê-los incinerados e transformados em cinzas.

Não nos esqueçamos dos escritores, alguns perseguidos ao longo da historia por causa de seus textos – quem souber de algum livro proibido em Taubaté, manifeste-se.

“Uma nação se faz com homens e livros”, falou Lobato, nosso irmão. Nada mais verdadeiro.

Sem uma boa dose dos conhecimentos oferecidos pela leitura, não se chega a qualquer lugar.

Livres e Livros, por um mundo mais gostoso!

 

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