Isso vale um abraço!

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Texto de Renato Teixeira

Publicado no Jornal Contato edição 686

… você que nasceu ontem e sabe sentir pela camisa azul celeste o mesmo amor e carinho que outros rapazes da mesma idade, em tempos idos várias vezes, por cem anos, também sentiram!

… você que vai ao estádio e vibra, sonhando com os melhores dias!

… você que ainda não chegou no tempo da vida que o fará entender realmente o que é esse  sentir que o aquece e faz você sair por ai gritando “buuuuurrrrro”…

… você, rapaz, precisa conhecer algumas histórias que são realmente o que importa e o que nos une numa corrente mágica que invade o passado desse clube de futebol, o Esporte Clube Taubaté, que conseguiu ir em frente por cem anos.

Chovia naquela tarde de domingo e pela rua Duque um mar de guarda-chuvas negros rumava em direção ao estádio do Bosque; afinal, o adversário seria o Corinthians Paulista.

Uma das características mais visíveis daquele velho e inesquecível estádio eram as linhas  laterais, pintadas a um metro do alambrado. Um perigo no caso de os ânimos fugirem de controle dentro do estádio.Felizmente, nossa carismática torcida jamais usou desse “fator campo” para interferir nos resultados. E também temos de reconhecer: os times que ali jogaram sempre foram muito bons. Não precisavam que nós, torcedores, ficássemos enfiando as mãos pelo alambrado.

Passou por aquele gramado a maioria dos melhores jogadores da nossa história. Ali jogaram Taino, Rubão,Zé Américo, Ivan, Celso, e muitos outros craques que encaravam perigosamente até o Santos de Pelé.

Naquela tarde era o Corinthians; e chovia… Nem lembro direito a razão pela qual tudo  começou. Talvez o Abraão, o Hortinho, ou outros colecionadores da nossa história, possam elucidar melhor os fatos acontecidos naquele dia chuvoso.

Nossa torcida parecia indócil e tensa. O ponta direita dos visitantes era Zague e estava arcado pela torcida por alguma razão. Todas as vezes que pegava na bola, a gente vaiava. Ágil e driblador, já havia passado dos limites. Muito perigoso… até o nome dele já era uma espécie de presságio de ligeireza: Zague!

Aconteceu uma lateral para o time paulista e Zague foi bater. Então, algumas mãos surgiram por entre os arames do alambrado e o agarraram pela camisa. Outros torcedores subiram na cerca de proteção e começaram a bater com o guarda-chuva no craque corinthiano.

Um Horror! Um massacre! Não havia rapidez que desse jeito naquela situação. Veio a policia e apartou. Ufa… Acho que tenha sido essa a única vez que usamos esse “recurso de proximidade” para fazer algum tipo de protesto.

Logicamente, no dia seguinte, a cidade fez sua autocritica e relevou o fato para o setor dos pequenos deslizes que as vezes somos capazes de cometer em nome do nosso time.

Zague jogou na seleção brasileira e muito cedo foi jogar no México; vive lá até hoje. Seu filho, Zaguinho, jogou por muitos anos na seleção mexicana.

Tudo acabou bem para o craque corinthiano. Mas naquele dia ele se transformou num dos poucos seres humanos na história da humanidade a sentir na pele o que é levar uma surra de guarda-chuvas molhados.

São histórias que se transformaram em assuntos locais por muitos dias. Hoje também é assim e você com certeza também irá transmitir as suas, para as gerações que virão.

E com certeza vai falar sobre esse momento, aqui em 2015, quando o sonho reaquece e a gente vê perspectivas animadoras pela frente.

O Esporte está vivendo um grande momento; tem muita gente acreditando, trabalhando em torno de um único objetivo: crescer. Os próximos jogos serão mais difíceis e precisamos estar preparados para impor nossas cores. E quando fica visível uma ação agregadora e positiva de todos os taubateanos em torno de um projeto digno e viável para nosso time ascender dentro do futebol brasileiro, o ambiente deixa de ser tenso e podemos sentir uma ação harmoniosa por parte de todos; queremos um time confiável, capaz de nos fazer sentir orgulho e respeito por ele!

Vamuquivamu, burrada! Ainda não ganhamos a guerra, mas estamos lutando bravamente, com fé nas chuteiras e amor no coração!

…e com a faca nos dentes, como um Ananias!

Isso vale um abraço…

 

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