Consumo e Propaganda

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Texto de Fabiana Pazzine

Hoje, ao assistirmos televisão, ao abrirmos os jornais, revistas, nos conectarmos no mundo virtual ou até mesmo andarmos nas ruas da cidade somos atingidos por uma série de informações que nos dizem o que ser, o que consumir e o que desejar. Mesmo que estejamos conscientes da intencionalidade da propaganda, por vezes, caímos nas armadilhas montadas e divulgadas nos meios de comunicação. Diante deste panorama consumista uma pergunta se torna significante: por que consumimos?

 

Anuncio no Jornal do Povo de 1894

Bem, a primeira resposta que nos vem a mente é a seguinte: porque precisamos! Mas, será que necessitamos mais do que uma peça de roupa, mais do que um par de sapatos ou artigos eletrônicos? Se pararmos para pensar até mesmo entre os alimentos que consumimos muitos estão além de nossas necessidades. Mas, se sentimos que necessitamos de vários pares de sapatos, diversas peças de roupas, os mais modernos aparelhos eletrônicos e experimentar as novas delícias que nos são apresentadas, é porque as propagandas citadas anteriormente nos convencem a agir pelo prazer de consumir e possuir.

 

Anuncio da Emulsão Scott, Jornal de Taubaté, 1904

Para quem acredita que o mundo está perdido diante desta febre consumista, que se pode acreditar ser uma novidade, melhor tirar este tipo de ideia da cabeça, pois, seja no século XXI ou no XIX, o gosto de consumir esteve presente, mesmo que os objetos de desejo tenham mudado ao longo do tempo.

Caso estivéssemos no ano de 1870, aqui mesmo na cidade de Taubaté, veríamos as mulheres ansiosas para comprar tecidos para costurarem ou, entre as mais ricas, mandarem costurar os seus vestidos. Entre os tecidos mais comuns, pode-se citar a baeta, que era uma espécie de tecido grosseiro de lã. Nesse caso, estaríamos beirando a necessidade, já que não haveria muito luxo ou prazer neste consumo. Mas, caso o dinheiro não fosse reduzido, poderia se comprar seda, casimira ou musselina, para se copiar os modelos dos vestidos franceses, que eram “da última moda” na época. Para finalizar o visual, nada como leques, luvas, laços, brincos, chapéus e fitas.

Caso o filho estivesse indisposto, os pais poderiam procurar na farmácia ou no armazém mais próximo a Emulsão Scott que, segundo a propaganda contida nos jornais, podia operar milagres.  Para não deixarmos os homens de fora, pois estes sempre querem acusar as mulheres de serem as grandes consumistas, ainda no século XIX, para estar de acordo com a moda e ganhar prestígio com isso, deveriam consumir gravatas, luvas, abotoaduras, bengalas, paletós e até mesmo uma cartola!

Dos objetos de desejo dos dias de hoje, acredito não ser necessário citar exemplos, mas como podemos perceber tanto em 1870 quanto em 2012, as propagandas, o querer estar bonito, se sentir bem e o prazer em consumir, nos movem a gastar e a desenvolver o comércio.

 

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Fabiana Cabral Pazzine é professora de história. Pesquisadora de História Cultural e Social.

 

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