Texto de Rachel Duarte Abdala *
Museu. Há quem goste, há quem deteste. O fato é que é muito difícil passar imune a ele. Mesmo aqueles, e não são poucos, que nunca estiveram em um ou que nem sabem que eles existem estão neles representados, pois o museu é o lugar de memória da coletividade, ele tem o papel de salvaguardar fragmentos de um período, uma época, uma dada temática, para que as gerações futuras possam conhecer o que foi a sua sociedade. É bem verdade que existe hoje uma variada gama de tipos de museus (científico, pedagógico, histórico, artístico ou de Belas Artes, entre outros), mas a sua função social como uma instituição conectada ao mundo contemporâneo também está passando por um intenso processo de ampliação.
Até pouquíssimo tempo, e mesmo agora muito fortemente apesar das ações na contramão desse senso comum cristalizada, o museu era visto como uma vitrine, um lugar de contemplação, o que o historiador francês Pierre Nora denominou de “lugar de memória”. Mas para além de se constituir como um lugar que marque como um farol a história, nas suas mais variadas dimensões, hoje os principais desafios do museu e da própria sociedade, se concentram no sentido de aproximar o museu do público e para que os visitantes o considerem como um espaço dinâmico e seu. Assim, há a tendência, cada vez mais intensa, de conceber o museu como uma questão social.
O filósofo, escritor e poeta francês Paul Valéry manifestava no início do fremente século XX o que ele qualificou como “O problema dos museus”. Para ele o grande problema era esse: não só trazer o público para dentro do museu, mas que esse público gostasse do que visse e se sentisse “em casa”, ou seja, que o museu se tornasse para ele algo familiar, que houvesse reconhecimento e identificação. Valery procurou descrever a sua angústia, que não era exclusiva dele, em relação ao museu, nos diz o que sentimos: “Não morro de amores pelos museus. Alguns deles são admiráveis, mas nunca deliciosos. As idéias de classificação, de conservação e de utilidade pública, que são justas e claras, têm pouca relação com as delícias. No primeiro passo que dou em direção às coisas belas, uma mão me tira a bengala, um aviso me proíbe de fumar. Já paralisado pelo gesto autoritário e pelo sentimento de opressão, entro numa sala de escultura onde reina uma fria confusão. Sou tomado por um horror sagrado. Meu passo se faz tímido. Minha voz se transforma e se coloca um ponto mais alta que na igreja, mas um pouco menos forte do que ela soa no ordinário da vida. Logo já não sei mais o que vim fazer nestas solidões de cera, que têm alguma coisa de templo e de salão, de cemitério e de escola… Vim me instruir, buscar meu encantamento, ou cumprir um dever e satisfazer as conveniências?”
A questão é justamente essa: o que eu vou fazer no museu? A “porta de entrada” mais freqüente aos museus no Brasil é pela escola, por esse motivo, muito frequentemente a visita ao museu é associada à idéia de instrução.
Hoje se fala muito em turismo cultural e esse engloba prioritariamente os museus. Os grandes museus como o Louvre, o Prado, o Hermitage, o Metropolitan, e muitos outros figuram em destaque nos guias de viagem. Paradas obrigatórias. Mas qual a função dessa visita? É lamentável que a grande maioria das pessoas que visita o Louvre tenha interesse quase que exclusivo em ver de perto a famosa Mona Lisa. E os outros mais de 380 mil itens e 35 mil obras de arte de exibição permanente que constitui o seu acervo?
É preciso entender o processo histórico de constituição dos museus e o lugar que a História ocupa nas sociedades para se compreender essa situação. Os museus foram criados pelas elites e para o seu próprio deleite e auto-afirmação, com acesso privado. Só com a influência dos enciclopedistas franceses, os museus passaram a ser apresentados para a população e, em 1793, foi fundado o primeiromuseupúblico, na França – o Museu do Louvre, reunindo coleçõesacessíveis a todos, comfinalidaderecreativa e cultural. No Brasil, os museus surgiram no século XX, com algumas exceções, de museus criados no século XIX.
“Quem gosta de museu é coisa velha.” Essa foi a idéia que se cristalizou. Assim, além de lugar inacessível o museu também recebeu a pecha de lugar enfadonho. Reverter isso é o desafio atual dos museus.
Na música “O tempo não pára”, Cazuza, associa a dinâmica do tempo com o museu e o que ele representa como espaço de memória.
“Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não pára, não, não pára”.
Por princípio, todo museu tem grandes novidades dependendo da sua disposição em enxergá-las. Também existe a noção de que museu é para ver uma vez só. E essa é outra percepção que vem sendo revertida: museu é lugar para estar. Cada vez que você for ao museu você pode estar diante de uma novidade. E de novidade em novidade é possível encher os olhos e renovar a relação com o passado e, no limite com nós mesmos. Você não precisa aprender toda vez que vai ao museu, pode simplesmente ter o prazer de estar ali. Diante do início das férias essa parece ser uma boa reflexão, pois, há muitas pessoas que ainda resistem à perspectiva de eleger o museu como um espaço de lazer.
Hoje os museus também estão investindo na realização de eventos, no âmbito de ações culturais e na organização de exposições, permanentes e temporárias, que sejam interativas, ou seja, com as quais o público pode efetivamente interagir concretamente. Um exemplo bastante significativo é o Museu da Língua Portuguesa, instalado na Estação da Luz em São Paulo.
O museólogo taubateano Paulo Camilher Florençano proferiu uma palestra, em 1977, intitulada “Sobre o velho e o novo conceito de museu”, na qual avalia as condições técnicas dos museus. Discurso de autoridade, porque nessa altura já havia sido o responsável pela instalação de diversos museus nos estados de São Paulo e de Minas Gerais. De acordo com Florençano o visitante comum tinha poucos instantes de distração, de matar a curiosidade, de se impressionar sem grandes conseqüências.
A questão não é mais contabilizar em quantos museus você foi mas qual eles é a sua casa. Em qual deles você se sente bem e no qual gosta de estar.
E como o tempo não pára e você já terminou de ler esse texto aproveite agora um pouco do seu tempo livre em algum museu. Você sabia que proporcionalmente em relação à densidade demográfica Taubaté é a cidade do interior do Estado de São Paulo que tem mais museus? Que o Museu Histórico Pedagógico Monteiro Lobato, o sítio do Pica-pau Amarelo é um dos museus mais visitados do Estado? Ainda vale a máxima: “Eu amo o que conheço”. Assim, antes de se sentir bem você precisa conhecer os museus e, principalmente os que estão aqui pertinho de você e que dizem respeito diretamente à sua cultura.
Dúvida, questão, crise? Com tantas opções a crise agora é decidir qual museu receberá a sua visita em primeiro lugar para você poder escolher em qual deles gosta de estar.
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*Rachel Duarte Abdala é Doutora em História pela USP e professora de Teoria da História na Universidade de Taubaté
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Quando a gente percebe”!Que grandes Homens e Mulheres ; que saíram do Campo”.Para mudar um Pais..Fica difícil ;postar imagens no facebook.”Uma vez que Aristóteles disse”A imagem é a Clareza da Expressão”!E recitar qualquer frase de Grandes Escritores até mesmo para o Pessoal de teatro”Chega ser ofensivo””To be or not to be” is the Question “(William Shakespeare).Achar que o Caipira é um total idiota”São pessoas que nunca tocaram a terra com as mãos”.E nem viram um por do sol no Sertão de nossas Veredas”!Eu não tenho culpa de ter Dons Filosóficos.Grande Pagina.”Congratulations”.A copa veem aí ; e como diz o Fenômeno.Não se faz Copa do Mundo com Hospital”.Fere o nosso lado intelectual.
Quando a gente percebe”!Que grandes Homens e Mulheres ; que saíram do Campo”.Para mudar um Pais..Fica difícil ;postar imagens no facebook.”Uma vez que Aristóteles disse”A imagem é a Clareza da Expressão”!E recitar qualquer frase de Grandes Escritores até mesmo para o Pessoal de teatro”Chega ser ofensivo””To be or not to be” is the Question “(William Shakespeare).Achar que o Caipira é um total idiota”São pessoas que nunca tocaram a terra com as mãos”.E nem viram um por do sol no Sertão de nossas Veredas”!Eu não tenho culpa de ter Dons Filosóficos.Grande Pagina.”Congratulations”.A copa veem aí ; e como diz o Fenômeno.Não se faz Copa do Mundo com Hospital”.Fere o nosso lado intelectual.