A música popular nas primeiras décadas do século XX

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Conheça o ritmo que fazia sucesso entre os taubateanos da época

Texto de Oswaldo Barbosa Guisard

A música popular brasileira, em Taubaté, no começo do século, precisa ser estudada devidamente, para que não hajam distorções e nem se cometam injustiças, quanto aos seus verdadeiros propagadores e intérpretes.

Tivemos na primeira década deste século, alguns mestres de música clássica, e que neste rápido escorço, não devem ser esquecidos, não devem ser esquecidos, como o Maestro Antonio Penzo, as ilustres musicistas Escolástica Vieira, Rosinha Coimbra também excelente intérprete do chamado “belcanto”, Licinia Barbosa Querido, Maestro Arthur Vieira, D. Nicota Vieira e outros mais.

Todavia a música popular, aquela que o homem das ruas entende, aquela que o povo compreende, trauteia e canta nas ruas, aquela que mais toca à sua alma, pode bem ser dividida em duas significativas expressões na época áurea da sua manifestação. E foram essas duas expressões, indiscutivelmente, em primeiro lugar, a família Barbosa e os músicos que a ela se reuniam freqüentando as “casas grandes” da Rua Visconde do Rio Branco e da Rua São José, esquina do Sacramento e a outra expressão, os grupos de música que atuavam formando orquestras no cinema mudo da cidade. Essas duas expressões não podem ser olvidadas, para quem pretenda realizar em escrito algo de perene, com relação a música popularem Taubaté. Na“casa grande” da família Barbosa, reuniam-se os músicos e seresteiros da saudosa época das serenatas em Taubaté, dos lampiões de gás. Lembremos de alguns deles: Beneglides Barbosa Saraiva, Diva Barbosa Saraiva; Atila Nogueira Barbosa; Irito Nogueira Barbosa; Zeno Nogueira Barbosa; Jovino Nogueira Barbosa, Corina Nogueira Barbosa, Licinia Nogueira Barbosa, Francisco Ferreira da Silva, o “Chico P.”, Evilasio de Souza.

Músicos se encontram no Largo do Mercado para as manhãs de chorinho nas primeiras décadas do século XXI, sempre às sextas-feiras

Quanto à segunda expressão da música popular taubateana nas duas primeiras décadas deste século, pensamos fazer plena justiça, apontando os nomes do velho “Zé Vicente”, com sua longa cabeleira branca lembrando a figura de Carlos Gomes no seu grande baixo, “Sinhô” seu filho pistonista e violonista, o consagrado Fego Camargo e seus irmãos Arthur, Pedrinho e Waldemiro, Ricardo da flauta, Octaviano Evangelista de Paula, também pistonistas, Euclides da clarineta, Guido Vieira, Jorge Miranda, Chiquinho, Irene Freitas Moura e outros.

Na verdade misturavam-se os músicos, organizando grupos que abrilhantavam os bailes não somente de Taubaté, como das demais cidades do Vale do Paraíba e do Sul de Minas inclusive e o cinema mudo. Quanto à posição destacada da família Barbosa nos tempos áureos da música popular, em nossa cidade e região, já frisamos a “casa grande” da família chegou a possuir no solar, três pianos e dois harmoniuns da mesma época, demonstrando com isso como os líderes da música popular de Taubaté a praticavam. Era no tempo das operetas, “Eva”, “Viúva Alegre”, “Madame Buterflay”, a “Casa das Meninas” e outras e das emotivas valsas vienenses, como a dos “Patinadores”, “Às Margens do Danúbio Azul, “Dolores” e tantas mais.

Mas, vários músicos dos que citamos e outros foram magníficos compositores, que deixaram “no tempo e no espaço” traços indeléveis, dos sentimentos da alma e do coração da gente taubateana. Voltaremos ao assunto.

[box style=’info’] Oswaldo Barbosa Guisard (1903-1982) 

oswaldoFoi executivo da CTI, vereador e presidente da Câmara. Idealista, participou do grupo fundador da Semana Monteiro Lobato e por 30 anos foi seu principal divulgador, mantendo acesa a sua chama original. Batalhou com perseverança pela preservação e tombamento da Chácara do Visconde, local onde nasceu Monteiro Lobato. Sua fabulosa memória o levou a escrever o livro “Taubaté no aflorar do século, uma grande obra. [/box]

 

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