Depois da Mantiqueira é Passa Quatro, UAI.

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Essa semana, na coluna “Escarafunchando Arquivos”, resolvi fazer algo diferente… Mostrar o trabalho de jovens da cidade mineira de Passa Quatro, que tem uma ligação com Taubaté: Jacques Félix foi um dos primeiros sertanistas a pisarem nessas duas terras. É claro, não perdendo o caráter de pesquisa e busca pelos fatos históricos, os dias em que estive lá foram poucos para coletar os dados, mas fica aqui uma dica para passeio e visitação!!!!

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Entendo por “Escarafunchar arquivos” toda e qualquer ação de pesquisa, de procura por fatos, respostas, curiosidades que compõem nossa história. Quando vou pensar Taubaté, não posso desligá-la do contexto nacional, pois são essas redes de ligações entre o regional e o nacional, que formam o Estado brasileiro.

Uma prova disso, foi que em visita a cidade de Passa Quatro (sul de Minas Gerais), pôde constatar elementos paulistas, em especial taubateanos, presentes na história da cidade mineira. A exemplo maior dessa representação verifiquei, na exposição itinerante do Projeto Educacional Brasil Nota 10 – Cenários Históricos em Miniaturas, que fica localizado em uma residência que pertenceu à famílias que trabalharam na malha ferroviária (próximo a Estação de Trem da MVR).

 

 

 

Gostaria de dividir a exposição em três momentos. O primeiro em que se baseia em obras historiográficas e literárias brasileiras; o segundo, a reconstituição das cenas pelos objetos históricos; e o terceiro e último momento, o uso das fontes históricas como embasamento na produção das maquetes históricas.

A exposição retrata vários momentos da História do Brasil, desde a vinda do colonizador português até a Segunda Guerra Mundial, com a presença da FEB na Itália. No primeiro momento então, verifiquei que várias maquetes foram feitas com embasamento teórico em livros como Casa Grande-Senzala, de Gilberto Freyre, Formação Econômica Brasileira, de Celso Furtado, O Tempo e o vento, do escritor Érico Veríssimo, Seringal, de Miguel Ferrante, entre outras obras. Lembrando que, essas maquetes são feitas por alunos e colaboradores do projeto, que em escala de 1/87 – HO retratam os detalhes pictóricos de cada tema da história do país, como podemos ver na imagem a seguir.

 

Representação de uma Vila Colonial, avistando a Casa Grande, os moradores; as palmeiras simbolizando o poder dos senhores de engenho; no quintal, a senzala e os agregados; além dos engenhos de cana-de-açúcar.

Além das miniaturas, também encontramos réplicas em “tamanho real”, como a representação da Casa dos Inconfidentes (na Antiga Vila Rica, atual Ouro Preto), a Casa de Chico Mendes, a Santa Casa de Misericórdia de Passa Quatro, no qual o ex-presidente Juscelino Kubitschek atuou como médico durante a Revolução de 1932.

Aproveitando a descrição destas réplicas em “tamanho natural”, destacamos a utilização de objetos doados por famílias da cidade, outros encontrados próximos à estação ferroviária, próximo ao Túnel da Mantiqueira e “gentilmente” cedido por outras instituições ao projeto, para a composição dos cenários.

E no terceiro e último momento, destaco o uso das fontes primárias e da documentação existente na cidade para aparato das criações e da exposição, com jornais do período, como por exemplo, da Segunda Guerra Mundial divulgando as ações do governo brasileiro nesse momento.

Um fator curioso, foi na primeira sala intitulada “Revolução de 32”, temos objetos do período, como rádios, armas, roupas militares e dois painéis em oposição mostrando de um lado “As Forças Mineiras” e de outro “As Forças Paulistas”, com destaque para a fotografia do Batalhão Jacques Félix, que em frente à Igreja Santa Terezinha em Taubaté, foi organizado em Julho de 1932, para lutar no conflito.

 

Batalhão Jacques Félix – 1932

Esse projeto que foi criado em 2007 é uma iniciativa do Instituto Real de Realização Profissional que por meio de ações culturais, artísticas e educacionais, procura inserir os alunos no mundo do trabalho.

Todo o empenho da equipe, dos alunos é possível de ser visto na exposição, pois, os trabalhos são minuciosos, trabalhados com dedicação, no qual os próprios alunos são os monitores e criadores dos objetos.

Segundo o coordenador do projeto, eram cerca de 20 jovens, e foram reduzidos a menos de dez, por consequência da falta de verbas e investimentos. Fica ai um exemplo para nós de que educação e cultura pode levar a inserção dos jovens carentes ao mercado de trabalho e quem sabe deste projeto não surjam novos pesquisadores. Mesmo com pouca verba, os envolvidos nesse projeto não abrem mão de inovar nas suas criações.

 

Maiores informações acesse: http://brasilnota10.com.br/nossa-historia/

 

 

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Giovanna Louise Nunes é graduada pela Universidade de Taubaté, Mestranda em História Social pela Universidade de São Paulo. E professora na Rede Estadual em Taubaté.

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