O Cadinho pode!

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Lambretas, bailinhos e muito rock’in roll. Para a alegria da moçada, isso era do balacobaco. Inclusive para os alunos do Ginásio Taubateano (1951-1973).

Mantendo a filosofia moral e cristã ao ser um colégio voltado para o público misto e sendo uma escola particular, o Taubateano, como era conhecido, estava envolvido em todas as paradas religiosas e culturais. Mas isso é papo pra outra conversa. Como diz o nosso povo, isso é motivo para outras prosas…

Dentro do universo do Ginásio Taubateano, em 1951, foi criado um jornal que levava o título de “Cadinho”, considerado o porta-voz dos ginasianos. Nesse jornal estudantil, escreviam professores da instituição como a Lygia Fumagalli Ambrogi e Sérgio Colus, o diretor Theodoro Corrêa Cintra, além dos alunos. Era comum em suas páginas verificar as posições formativas do colégio, como sua didática e a constante formação moral e cristã dos alunos.

O Cadinho era utilizado como mecanismo para a divulgação das ideias da escola e ao mesmo tempo levava a participação dos alunos, tanto na elaboração dos conteúdos como na sua distribuição. Logo de inicio, era publicado uma vez por mês e no ano seguinte, 1952, passou a ser publicado quinzenalmente. Com a influência do professor Theodoro, o Cadinho era impresso nas oficinas do Jornal diocesano “O Lábaro”, com o aval da Diocese Taubaté, representada na figura do bispo Dom Francisco Borja do Amaral, amigo do Theodoro.

Uma das principais seções do jornal, em notas do que “Pode e Não Pode” fazer o bom ginasiano, encontram-se questões como “namoricos”, “chacotas durante as aulas”, “fofocas” e pensamentos, como por exemplo, verifica-se no primeiro número “[…] O Hélcio ser brotinho pode, mas dizer que só ten 17 anos não pode” (Cadinho, 21 de Junho de 1951).

O jornal contava com a supervisão do diretor e professor Theodoro Cintra, que também aproveitava para escrever e assinar recados para os pais, com informes sobre o Grêmio Estudantil Maria Auxilium  Cristianorum e as atividades extra-escolares como o Grupo Escoteiro.

As viagens realizadas a Campos do Jordão, São Paulo, Rio de Janeiro, São Bento do Sapucaí e aos Édens (espaço de lazer oferecido aos alunos) eram divulgados em notas pelos alunos, contando suas experiências, e claro, as brincadeiras durante as viagens.

Práticas como essa, no qual a instituição tinha jornais elaborados pelos alunos, era comum na cidade nesse período. Encontramos um exemplo do jornal do Ginásio Estadual Monteiro Lobato, intitulado “O Estilo”, que apesar de sua curta duração, foi marcado pelo alto nível cultural, segundo Antonio Mello Júnior, no livro Imprensa Taubateana.

Escarafunchando os arquivos, é possível encontrar na Hemeroteca Antonio Mello Júnior do Arquivo Histórico de Taubaté, somente, um número do exemplar de 1952, tendo o jornal inaugural de 1951, em fotocópia sob a guarda da Família Cintra.

 

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Baseando na monografia Escola e Cidade: as origens do Ginásio Taubateano na década de 1950 de Giovanna Louise Nunes – dez de 2011 – Departamento de Ciências Sociais e Letras da Universidade de Taubaté.

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